"Entre o Paraíso e o Inferno", de Walter Goldfarb
O corpo e suas dramáticas paixões!

São 35 pinturas, entre inéditas e de coleções particulares e institucionais do Brasil e do exterior. A mostra é um panorama de 10 anos de produção do artista.

As inéditas abordam a sexualidade na arte, fetiche e a construção do corpo contemporâneo, espelhado no arquétipo greco-romano. As imagens baseiam-se em um mapeamento de obras pontuais da História da Arte, de academias de ginástica, bailes funks, da orla carioca, de revistas pornográficas, de moda e comportamento, de lutas marciais e em uma pesquisa com o público, idealizada pelo artista.

As telas de coleções vêm de Gilberto Chateaubriand|MAM-RJ, Akagawa, Ioschpe e Steinbruch, São Paulo, MoLAA, Califórnia, Fondacione Golinelli, Bolonha, e Culturgest, Lisboa.

Pesquisa sobre corporalidade carioca:
Na primeira etapa, Goldfarb mandou perguntas por email a formadores de opinião de várias áreas; na segunda, um questionário impresso e anônimo foi espalhado por academias de ginástica na zona sul do Rio, na orla carioca e no entorno do ateliê do artista, na Lapa, bairro boêmio e de classe baixa. Do resultado da pesquisa sobre opção sexual, culto ao corpo, fetiche, violência e desejo saiu o subsídio para intervenções nas telas em forma de tatuagens sobre os corpos revelados de pinturas célebres, como a Pietà, de Giovanni Bellini, que serviu como fragmento Do flagelo e de Eros I e II, por exemplo.

Sob o véu da religião:
Andolatria, fetiche, lesbianismo, homoerotismo, sexo bizarro ou convencional foram descobertos pelo artista em obras sacras através da dissipação dos "ruídos morais e religiosos" da produção entre os séculos 14 e 18: Goldfarb retirou todos os vestígios (ruídos) de sacralidade (anjos, nuvens, panos) do Juízo Final, de Michelangelo, da Capela Sistina, revelando um bacanal homoerótico. As partes desnudadas foram completadas com a ajuda de revistas pornográficas e de luta livre.

O espelho, o corpo antigo e o corpo contemporâneo:
Através da superposição de imagens, Goldfarb conclui que quase não há diferença no jogo corporal das composições do inventário da História da Arte e as das revistas contemporâneas de moda, pornografia e lutas marciais, bem como no balé performático das salas de ginástica e musculação das academias, das coreografias ingênuas e debochadas dos bailes funks da zona sul e zona oeste do Rio e dos corpos refestelados nas praias cariocas. A diferença pode estar na roupa ou na ausência dela, nos adereços e no local das performances sociais.

Outras fases da produção do artista:
Do início da carreira (1994/1995) estão trabalhos de escala monumental (cerca de 20m2) que discutem a relação da escrita com a geometria e a figuração através das sagradas escrituras e da arquitetura bíblica. Dos anos 1996 |1997, há pinturas da série "psicanalítica", com temas como édipo, narciso, psicose, pânico, medo e culpa. Da produção de 1998|1999 foram selecionadas obras sobre o diálogo da Igreja Católica com o holocausto e a música de Wagner. Nestes trabalhos, o branco da têmpera toma conta da tela e a pintura é feita com carvão. É a pintura de escassez. No início dos anos 2000, Goldfarb substitui as áreas brancas da tela pelo preto das camadas com milhares de bastões de carvão (fusain) sobre a lona crua. Submetidas a lavagens a cloro, as telas revelam nuances alaranjadas e magentas, de acordo com a árvore que produziu o carvão. Nesta fase, o artista inicia sua releitura de ícones da História da Arte. 2002 é representado por um grupo de telas em formato de camafeu, com cenas eróticas e pornográficas inspiradas nas Toilettes, de Boucher, e outras que também se referem ao universo feminino. Neste período aparece a cor. E os trabalhos inéditos de 2003 trazem o claro-escuro em velaturas de têmpera e fusain, que remetem à arquitetura enquanto memória, fragmentação, à melancolia e solidão.

Rio de Janeiro 2004.


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