| Thereza Miranda |
Trânsito livre > ArteVida consagrada

©Alexandros Papadopoulos Evremidis*

Tudo que todos os críticos e leigos disserem sobre Thereza Miranda será insuficiente. O único legitimamente credenciado a dizer será a vasta obra sobre o vasto mundo que ela estudou, pesquisou, experimentou e buscou sua razão de ser, sua nuclear essência. Thereza fez direito tudo a que tinha direito e ainda invadiu territórios ora apócrifos e ora interditos a que fez germinar com sua luz. Uma balhatrabalhadora no plena e exata acepção e alcance do termo. Incansável, laboriosa, meticulosa, quase obsessiva-compulsiva, mas sempre inteira e consciente do seu fazer arte_sanal e da sua significância. Não por acaso, a apoteótica abertura da prospectiva retrospectiva no celeste MAM - afetivo coração pulsante do Rio de Janeiro, patrimônio universal. O afluxo de colegas, admiradores, amigos, conhecidos e, sim, os insuspeitos desconhecidos, era tão avassalador que o comentário que mais captei foi o de que nunca o MAM acolhera tanta gente de uma única vez. Eu disse isso à Thereza e perguntei se "a ficha tinha caído", se ela se dava conta do dia de glória que testemunhava. Ela ergueu aqueles seus olhinhos infantis e humilde como convém aos grandes espíritos perguntou: "Você acha mesmo?!" "Que dúvida, Thereza, depois do tanto que você trabalhou nesta vida?!", a cooptei e ela então substituiu a dúbia núvem pelo sorriso feliz: "Muito obrigado por tuas palavras". Agradecimento que, óbvio, não aceitei. Pelo muito contrário, devolvi em múltiplos pela tanta beleza em que nos banhou. E mais não cabe dizer: Thereza Miranda laureata est! E, claro, parabéns pelos 80 anos de vidarte. E mais: só não desejo toda a felicidade para ela por saber que ela não a aceitará com o argumento "Mas e os outros?!"

©Alexandros Papadopoulos Evremidis > escritor crítico > Email


A mostra, que será aberta no dia em que a artista comemora seus 80 anos de vida, também marca os 45 anos de sua atividade artística. Impressões é a primeira grande retrospectiva da obra de Thereza Miranda, na qual, pela primeira vez, o público poderá ver toda a sua trajetória em um mesmo espaço. A curadoria, a cargo de Franklin Espath Pedroso, selecionou e dividiu, poeticamente, 140 obras desse percurso.

Este projeto, capitaneado pela produtora Martha Pagy, começou pela escolha do Museu de Arte Moderna para a realização da mostra: no MAM Thereza iniciou sua carreira na gravura, quando freqüentou, de 1963 a 1969, o curso de gravura de Walter Marques e Edith Behring. De aluna a professora, só deixou o Museu em 1987. “Quando Thereza nos chamou aceitamos imediatamente, pois esta viagem por sua vida e obra tem duplo objetivo: prestar-lhe justa homenagem por sua contribuição à construção da identidade cultural brasileira e, ao mesmo tempo, reunir e sistematizar dados sobre sua trajetória, oferecendo ao público a oportunidade rara de apreciá-los”, declarou Martha Pagy.

A exposição inicia com as séries Germinação, Nova Germinação e Germinação Vida, gravuras em metal em que a temática é uma elegia à vida. São trabalhos da década de 1960, destacando-se as primeiras gravuras em água forte em que as cores são suaves, passando por texturas realçadas até que se transformam em mandalas com inúmeros detalhes. Em seguida estarão expostas as fotogravuras realizadas durante a temporada de estudos em Londres. São imagens que, nas palavras de Franklin Espath Pedroso, sugerem “...embriões filmados dentro de um corpo humano”. Uma obra desta série foi capa da revista londrina Arts Review.

No diálogo com a arquitetura das séries Multidões, Carnaval, Maranhão, Minas Gerais e Rio de Janeiro, evidencia-se a utilização da técnica da fotogravura e a interferência poética do traço no desenho da artista. A partir da série Minas, a paisagem passou a ser elemento recorrente de seus trabalhos, e o patrimônio natural constituiu-se como o grande tema das séries Amazônia, Floresta da Tijuca, Fernando de Noronha, Praias do Rio, Pantanal, Paraná e Porto Seguro. No início dos anos 1990, a artista retomou a pintura e manteve a natureza como principal foco de sua obra. Como define o curador Franklin Pedroso: “Thereza Miranda capta as imagens da natureza, oferecendo-as para contemplação atual e futura. Diante de suas obras não só apreciamos o objeto de arte como também despertamos nossas consciências para a preservação do meio ambiente. É a sua maneira de proteger e imortalizar o patrimônio natural.”

Rio de Janeiro 2008


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