"As Quatro Eestações" by Taizi Harada.
Um afinadíssimo Taizi Harada, o menino que não quis crescer!

©Alexandros Papadopoulos Evremidis*

Contrariamente à sua eloqüente obra, Taizi não dispensa apresentações, haja visto não ser ele conhecido do grande público; por aqui, porque lá ele é mestre de mestres! Digamos que foi assim:
Era uma vez uma criança japonesa que, por uma infelicidade qualquer, logo no primeiro ano de vida, foi agredida pela pólio que a fez perder a grande motricidade, impedindo-a assim de subir e descer montanhas, percorrer vales e se deixar levar pelo serpentear dos rios. A casa de seus pais estava localizada nas altas terras do Japão.
Imobilizado pela desgraçada sina numa cadeira de rodas, Taizi, lá de cima, observava atentamente com seus olhinhos infantis a aldeia que ficava lá embaixo no vale a se transformar a cada mudança de estação. E sonhava, sonhava muito. Foi assim que "eu acabei ganhando os olhos de pássaro através dessa experiência de avistar à longa distância e, também os olhos de inseto por ter aprendido a brincar com as plantas e os insetos e, ao mesmo tempo, a observá-los atentamente", diria ele sabia e nostalgicamente depois.

Com o passar do tempo, o menino cresceu, estudou design, tornando-se renomado, e paralelamente começou a pintar, reproduzindo as imagens da aldeia que sua retina havia fixado e que resultaram na série "As Quatro Estações". Depois, por alguns anos, viajou pelo interior da Japão e enriqueceu seu acervo de memória afetiva com mais imagens que também se viram transformadas em pinturas - série "Terra Natal" - e estampadas na capa do suplemento cultural do prestigiado jornal Asahi Shinbun. O curioso e admirável é que Taizi associou suas pinturas às cem melhores músicas infantis e escolares do século XX, escolhidas pelo público, como se as tivesse traduzido e interpretado, eternizando-as assim e delegando-as ao patrimônio cultural da humanidade do século XXI. E per saecula saeculorum ...

Foi dito no título que Harada não quis crescer e logo após foi dito também que ele cresceu. Cresceu, sim, no tamanho, mas sua alma manteve o mesmo frescor, a mesma e genuína curiosidade, a pureza e a inocência infantis em seu modo de encarar e vivenciar o mundo e a natureza, as gentes do Japão. É impossível, olhar para as suas pinturas, todas em estilo naif, no que foi fortemente influenciado pelo gênio iugoslavo Ivan Rabuzin, ridicularmente olhado com um viés descendente por parte do público privilegiado, dos críticos e, até!, dos artistas, e não se comover e encantar, não sentir enlevo e sublimação, saudades e nostalgia de um tempo em que tudo era sonho e fantasia. Da mesma forma é impensável, em meio à paz e à quietude que delas emanam, não identificar, e com a concorrência de todos os sentidos mais o sexto, o farfalhar das folhas, o zunido dos insetos, o silvo do vento, o mumúrio dos riachos, o canto dos pássaros, as cantigas infantis ... Até mesmo os perfumes da terra e o sal do mar! E é essa a razão para dizermos que sua arte dispensa apresentações e comentários, críticas nem pensar! - por ela ser de comunicação e empatia instantâneas, por, sem explicações e interpretações, falar diretamente à emoção e à razão a um só tempo. Harada evoca em nós a urgente advertência de como e por que se deve amar, respeitar e preservar a natureza como um todo, aí incluído o humano mais humilde. Ele é um perfeito exemplo de complexidade na simplicidade.

A presente expô traz ainda 4 telas de grandes dimensões com motivos tipicamente brasileiros - Santos, Santa Tereza, Arujá e Paraty - que Harada estudou e pesquisou durante uma visita em junho/lulho de 2000. É ver para crer como ele entrou no clima e capturou a vida tropical - alegre, brejeira e miserável.

Rio de Janeiro 2001.

Alexandros Papadopoulos Evremidis = > escritor crítico > Email


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