| Siron Franco - "Siron Franco" |

Arte e consciência crítica
Em exibição, no CCBB/Rio, 44 trabalhos de grandes dimensões da produção recente do artista que não expõe obras inéditas há mais de 10 anos. Entre as novas telas estão diversos dípticos como "Ciclo da vida" (dois metros de altura por dois e sessenta de largura), outras como "Pop star", "Lembrança de Londres" (foto à esq.), "Anjo e homem" (foto à dir.). "Siron Franco demonstra exemplarmente o que é capaz de extrair desse recurso", enfatiza Agnaldo Farias, curador da mostra, fazendo referência a utilização de duas telas em um mesmo trabalho."

A mostra foge do chamado Realismo Mágico Literário que foi associado a suas obras ainda nos anos 70. A crítica brasileira associa a pintura de Siron Franco daquele período à produção de Francis Bacon (1909 - 1992), um dos grandes pintores ingleses do século XX, por ser povoada por seres monstruosos ou por revelar uma dimensão aterrorizadora. Nesta nova série, a complexidade da obra de Siron pode ser observada mais uma vez.

“Siron Franco é conhecido como artista e, mais do que isso, como um artista atento, engajado, diria até que freneticamente engajado na defesa de um sem número de causas, e não há dúvida que mesmo em Goiânia, cidade que se jacta de constar entre as sete cidades brasileiras com melhor qualidade de vida, existe um punhado delas, as nossas velhas conhecidas agressões, do meio ambiente até a agressão contra mulheres e crianças e, em se tratando das peculiaridades da região centro-oeste, o desrespeito às nações indígenas e seu extraordinário conhecimento da fauna e flora, e mesmo das inestimáveis lições de civilidade que eles têm a dar”, aponta Agnaldo Farias. Em entrevista, Siron Franco já afirmou que "a arte tem a finalidade de tentar dias melhores para o homem. Eu tento, ao meu modo, testemunhar a minha época, o que faço é uma crônica subjetiva da época em que vivo".

Sobre a nova série de trabalhos, Farias ressalta ainda que Siron “prossegue na figuração, mas muito distante da figuração de outros tempos, onde as figuras, ainda que monstruosas, eram mais identificáveis, afeitas ao que então se esperava de alguém entrincheirado no Realismo. A novidade pode ser resumida ao seu avizinhamento da abstração o que, por outro lado, é um modo de reduzir a complexidade da operação pictórica, impossível de ser tratada a partir de categorias tão simplistas”.

Sobre elementos presentes nas obras recentes Farias explica: “gestos e mãos impressas, isolados, sobrepostos ou embaralhados num amálgama difuso, protagonizam essas pinturas, são a carne das imagens e a substância através da qual as cores se manifestam. A presença do grafismo, um dos aspectos fundamentais das pinturas de Siron Franco em todas as épocas, a outra é o uso ousado e franco das cores, seria, além do impulso atávico de formalização, mais uma herança de sua vida no cerrado, do cultivo de sua sensibilidade num ambiente seco e plano, onde a ausência de umidade impede a formação da névoa que na distância embaça os objetos encobrindo seus detalhes, dissolvendo seus limites, fazendo com que se confundam uns nos outros”.

Rio de Janeiro 2007


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