"Nós Mudamos o Mundo", de Sidney Pike / Editora Manole
A ousadia e o pioneirismo dos falcões premiados!

©Alexandros Papadopoulos Evremidis*

Um release truncado me levou à falsa crença inicial de que o autor do livro "Nós Mudamos o Mundo" fosse um jornalista da CNN (e não um executivo, como ficou claro depois), do tipo Peter Arnett - o tal combativo "combatente da comunicação" que diuturnamente transmitia ao vivo e a cores a espetacularizada e nem por isso menos abominável Guerra do Golfo. E foi essa a razão suficiente para eu me apressar em ser o primeiro a chegar à coletiva de Sidney Pike, convocada pela assessoria de imprensa da Editora Manole, na pessoa de sua dirigente, Daniela Manole - une jeune e très belle femme, ou uma exuberante estrela noire do neo-realista cinema italiano, se preferir.

Passados, porém, vários minutos, como ninguém mais aparecesse (só bem mais tarde, um repórter da TV E), o fato me causou estranheza e até involuntário constrangimento e vergonha (tendo também eu sido escritor e publicado vários livros, sabia muito bem o quão deprimente é falar para as paredes ou pregar no deserto :-( Como explicar essa escandalosa atitude da mídia carioca de não comparecer na coletiva de alguém que afirma publica e mundialmente ter mudado o mundo e saber dele, de viva voz e olho no olho, como e por quê, em que medida e em que qualidade, para o bem ou para o mal?!

A certa altura, já conformados com a ausência dos colegas da imprensa, e por sugestão do próprio Sidney Pike, abrimos mão da coletiva e optamos por um bate-papo informal. Quem é o "Nós" do pomposo e, até, pretensioso título? - eu quis saber. "Eu, eu, na verdade, sou eu!", advogou ele subitamente agitado e entusiasmado, "mas coloquei Nós por causa do Ted (Turner - dono da CNN ) que, ao longo dos 25 anos de nossa colaboração, todas as vezes que eu saía com essa de 'Eu fiz isso, eu fiz aquilo', fazia questão de me corrigir: 'Não, Sid, nunca diga eu, diga sempre nós, nós fizemos isso, nós fizemos aquilo'". (Conselho indubitavelmente justo e sábio, esse do Ted, já que ninguém é uma ilha e quem realiza o progresso é sempre a equipe).

E como mudaram o mundo? "Tendo a ousadia de mudar o modo de fazer televisão - implantando internamente, nos EUA, o canal de notícias 24 horas no ar e transplantando-o para o restante do mundo. E quem fez isso fui justamente eu. Tornando-me responsável pela CNN Internacional, visitei dezenas de cidades em todos os continentes, correndo inclusive riscos, por ser judeu, nos países árabes, apresentei propostas para as TVs locais de importância secundária, por causa do custo menor, e assinei contatos - no Brasil, por exemplo, nossa primeira parceira foi a TV Cultura. Mas logo os canais concorrentes começaram a piratear nossa grade e tivemos que abri-la para todos quantos assim desejassem."

E qual o significado desse encontro com Juscelino Kubitchek, imortalizado também na capa do livro? "Ah, isso para mim é inesquecível! Foi desse encontro que me veio a inspiração para tudo que realizei depois. Quando, na ocasião, perguntei a Juscelino por que tinha construído Brasília, ele me disse que o fez por considerar que o mais importante na vida de um homem é ter visão de futuro, fé no progresso." (Contei-lhe nesse momento que, nos anos setenta, o ex-presidente, como que respondendo a sua pergunta, tinha escrito um livro chamado "Por que construí Brasília"). Não era curioso?! Sid achou graça.

E assim por diante, leitor. Sidney Pike, subtraindo-lhe algumas idéias retrógradas, reacionárias e prepotentes (é pro Bush e pro Guerra no Iraque), parece ser um sujeito boa-praça, bem-humorado, charmoso e, apesar da idade avançada, enxuto - pinta de galã senior. O que vem ao caso, porém, é que Sidney tem um monte de histórias, historinhas, causos e curiosidades para contar, falar de coisas que viu, viveu e vivenciou em sua longa peregrinação pelo mundo. Para saber quais são e pegar carona nessa sua maravilhosa aventura de sucessos e vitórias e ... mudanças do mundo, o melhor e mais direto caminho é ler o livro dele e sonhar. O meu exemplar está na mesinha de cabeceira. E é bom lembrar também que, sintomaticamente, Sid tem planos para escrever outro livro - "As 5 Chaves do Sucesso". Experiência, bagagem e cacife, para quem se aposentou como presidente da CNN Internacional, não lhe faltam. Pois que venha logo e abra, escancare, arrombe todas as portas e todos os portões, e rompa os grilhões e as correntes também, que nos mantêm escravizados. Mas para isso, ele terá que rever algum dos seus obsoletos conceitos e mergulhar no poço escuro do humanismo para encontrar a luz. Bem que ele podia se abrasileirar. Maturidade, tolerância e doçura são desejáveis atributos da idade.

©Alexandros Papadopoulos Evremidis = crítico do Portal RioArteCultura.Com > E-mail


A seguir a sinopse de "Nós Mudamos o Mundo" fornecida pela Manole:

Como surgiu a primeira emissora com noticiário internacional via satélite 24h? Quais os caminhos que levaram a CNN a se tornar a maior rede de notícias do mundo? Nós Mudamos o Mundo, de Sidney Pike, conta detalhes do nascimento da emissora norte-americana que influenciou o mundo da notícia. É o primeiro livro sobre a CNN escrito por alguém de dentro da empresa.
O livro descreve todos os caminhos que fizeram da CNN a principal rede de notícias do mundo, desde a pré-concepção da Cable News Network (CNN), a compra da emissora, a divulgação do canal pelo mundo, os contratos milionários e detalhes de reuniões internacionais; até o auge, em 1991, quando a emissora transmitiu, pela 1a vez na história, uma guerra ao vivo, a Guerra do Golfo.
Hoje a CNN possui uma rede de mais de 850 afiliadas locais ao redor do mundo. No total, a CNN dos Estados Unidos e a CNN International são vistas em mais de 240 milhões de lares. Nós Mudamos o Mundo é leitura obrigatória para estudantes de comunicação e pessoas interessadas no papel que a mídia desempenhou na globalização e na democratização mundial.


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