| Shirley Paes Leme | Desenhos Pulsantes |

Shirley Paes Leme mostra dez desenhos inéditos, feitos sobre tela, em uma técnica que associa sucos de frutas cítricas e fogo, a pirofitografia. Nessa técnica desenvolvida por ela, os traços desenhados na tela são feitos com os sumos cítricos transparentes, "revelados", ou seja, fixados, pela aproximação com o fogo através de uma precipitação físico-química. As cores obtidas variam do preto ao amarelo, passando por tons avermelhados.

Para essa série, Shirley Paes Leme utilizou o ritmo dos batimentos do próprio coração para criar a pulsão do desenho. Com a ajuda de um aparelho que media e amplificava o som dos seus batimentos cardíacos, Shirley realizava o desenho de acordo com o ritmo obtido, desde o constante até as pequenas alterações do dia-a-dia no ateliê, como o momento em que a campainha ou o telefone tocavam, até mesmo alterações de calor, que provocam o estalar de madeiras em seu ateliê.

"Esses pequenos sustos, essas tensões externas mexem com nosso organismo e a gente nem percebe. Há muito tempo tinha a idéia de fazer um trabalho assim, mas não sabia como executar. Com a ajudar de amigos médicos, cheguei ao resultado que buscava", explica.

Acostumada aos desenhos de grande formato, Shirley achou que o tema merecia trabalhos mais delicados, por isso, criou peças quadradas, em sua maioria, com tamanhos que variam entre 0,80m x 0,80m e 1,10m x 1,10m.

Amilcar de Castro, que foi professor de Shirley, escreveu em 1994 sobre trabalhos dela: "É uma escultora que se levanta, propondo vários caminhos e novas experiências: Ótimo".

A artista traz em seu trabalho uma carga forte de suas memórias de infância, principalmente nos períodos que passou em fazendas em Minas Gerais. É desse universo rural que ela retira sua poética: o picumã (teia de aranha tornada negra pela ação da fuligem), a fumaça, os galhos, o fogo.

A historiadora de arte Maria Alice Milliet, do Conselho de Artes Plásticas do MAM de São Paulo, também escreveu sobre a artista: "A emoção de ver a imagem nascente - a um tempo procurada e surpreendente - leva Shirley a outro experimento que usa fogo como revelador de um desenho invisível (...). A delicada operação sempre gera uma certa ansiedade: há dificuldade em descobrir por onde passa o traçado, surpresa com o surgimento do desenho, e medo de queimar tudo pela aproximação excessiva do fogo".

Trabalhos de Shirley Paes Leme podem ser encontrados em importantes coleções particulares e públicas como a do Itaú Cultural, em São Paulo; a da venezuelana Patrícia Cisneros; a do Museu de Arte Moderna de São Paulo, a do Museu de Arte Moderna da Dinamarca, a do Museu de Arte Contemporânea do Paraná, a do Museu de Arte de Brasília, entre outras.

Rio de Janeiro 2005


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