"Concepções – 28 Esculturas de Roberto Lerner | estética + conceito"

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Apresentação

Quando Lerner quis saber minha opinião sobre as suas mais recentes criações, as desta exposição, me lembrei dos tempos de colégio e, incontinenti, me vi remetido/teletransportado aos bancos escolares. E no ato, embora ciente e consciente do ridículo que isso podia soar e da prepotência de um sisudo catedrático a que isso podia sinalizar, não me contive em dizer, e disse: "Professor, você passou de ano!"

Lembrei também do "Justifique! / Fundamente!" que, invariavelmente, hoje como então, vinha a seguir e complementei: "Passou porque provou estudo, pesquisa, evolução, conclusivo e convincente refinamento estético. Porque depois de, nos sábios limites do absolutamente necessário, e com serena simplicidade e máxima economia formal e material, nos ter dito das primordiais emoções, aborda e incorpora agora e seguramente solve a complexidade das percepções e dos conceitos fundamentais. Instantes de êxtase." - Alle Kunst / março 2006 / Rio de Janeiro.


Que fé tenho eu?

A fé que congrega os homens,
Mas forja os preconceitos e a discriminação.

A fé que promete esperança,
Mas promove a submissão e o conformismo.

A fé que prega o amor,
Mas engendra a intolerância e o ódio.

A fé que louva a paz,
Mas que fomenta também
o terrorismo e as guerras.

A fé que exalta a liberdade,
Mas que justifica a opressão.

A fé que enaltece a verdade,
Mas gera também a mentira e a mistificação.

A fé que dignifica a humildade,
Mas pratica a arrogância.

A fé que promete o paraíso,
Mas ameaça com o purgatório e o inferno.

A fé que consola os humildes,
Mas serve ao poder.

Será a fé fruto do saber,
Ou da incomensurável ignorância
Dos mistérios da criação e da morte?

Ou será o tempo infinito
Sem começo nem fim?

Ou será o universo infinito
Nosso verdadeiro criador?

Ou será que minha fé
Na verdade,
Na justiça,
Na paz,
Na liberdade,
Na humanidade enfim,

Irá, como sempre,
Mais uma vez,
Me decepcionar?

R. Lerner

2005


Exposição:

Fé | 180x25x23cm x 5mm | fé



Alma | 177x23x25cm x 5mm | alma



Louvação | 195x35x60cm x 5mm | louvação



Tríade | 197x25x16cm x 5mm | tríade



Devoção | 195x19x22cm x 5mm | devoção



Criação | 163x29x25cm x 5mm | criação



Igualdade | 181x44x23cm x 5mm | igualdade



Liberdade | 189x29x19cm x 5mm | liberdade



Fraternidade | 194x31x18cm x 5mm | fraternidade



Solidariedade | 189x29x18cm x 5mm | solidariedade



Identidade | 179x23x23cm x 5mm | identidade



Intimidade | 200x26x20cm x 5mm | intimidade



Fotos: Marcelo Lerner


"Emoções - 18 esculturas em aço", de Roberto Lerner


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Apresentação

A poesia erguendo catedrais à razão de ser.

©Alexandros Papadopoulos Evremidis*

Heresias: Freqüentemente, quase sempre, sempre! a obra é o que menos importa - importa o logos, que de uma forma (que é todo ele) ou de outra (idem), nele implícita está a idéia do Drang zum Leben - esse infernal impulso que nos faz viver e, mais, não contentes, sobreviver ao nosso Weltschmerz e desesperadamente ansiar pela eternidade e por ela lutar (e matar e morrer - curiosa e cruel e estupidamente, também modos de assegurá-la).

Também já se disse aqui da crença na não-existência de arte ruim (prejudicada que está desde a gênese, por auto-aniquiladora) e na prevalência da arte boa, melhor, ótima, cum laude, com acento e assento no Pantheon. (Chegamos à neuralgia) Neste último, há um lugar reservado para o Roberto Lerner (esse aprendiz de feiticeiro) (olhe lá o cartaz com o nome dele), entre o pai e a mãe - se mãe e pai houvesse.

Não conheço Erre Lerner nem nunca dele havia ouvido falar (falha imperdoável, pensei envergonhado) e tampouco de suas obras. Corta:
Acabo de chegar da praia, aonde vou diariamente estudar os siris, os tatuís (Al Helu Yiê, estão voltando!) e seus afins; as pombas ciscadoras e as gaivotas pescadoras (simulando kamikazes); as areias, o mar, o céu e, last but not least, muito antes pelo contrário, os corpos e sua carnívora evolução no espaço. Vou lá para fazer as abluções e ensaiar a catharsis de que tanto, tantos de nós, necessitados estamos. Sem choros nem velas - histéricas carpideiras, nunca mais! Esconjuro, anátema!

O que é que isso tudo tem a ver com Roberto? Como não?! É disso que ele nos fala o tempo todo em sua incessante e hierática quietude - em seu silêncio.

Voltando: Voltando da praia, antes mesmo de tirar a areia, algo sobre o desktop irresistivelmente atrai minha atenção - é um catálogo, e (intencionalmente, sente-se logo) já aberto numa determinada página, como se a me instar: "Olhe aqui para mim!". Mas não era uma intimação, não era um pedido e muito menos uma súplica, antes, gentil e delicado convite. Deve ser coisa do Danis, o filho. Ah, adorado filho, não merecedor de um pai assim tão desleixado! (Sem choros! - não é isso que o outro diz? Ah, dane-se o outro, deixe rolar). Você vê a que espécie de reflexões e comoções esse sensível artista nos conduz?! Orfeu tangendo as cordas.

Pausa para limpar os :
E foi aí e foi então que a mágica se operou (como é próprio dela) instantaneamente: ao olhar magnetizado para a elementar escultura vermelha, ali estampada, me senti seduzido e abduzido, teletransportado para um tempo em que tudo era (agora assim me parece) sonho e poesia, simplicidade e encanto, Platon, chrisóstomo, a nos dizer da beleza dessas outras formas, as de e da natureza geométrica, belas, não por alguma razão, intenção ou propósito particular, mas per se!

Sim, eu sei o que esse Erre Lerner fez com a arte - na busca pelas leis fundamentais que regem e sustentam o universo e a humana ecumene, ele despiu e desnudou-a, libertou-a do lixo que enojava Kasimir e reduziu-a ao que realmente interessa - à cândida singeleza da Beleza, uma ninfa a esvoaçar pelos bosques de Ártemis. O artista, enlouquecido, ardentemente desejando o (impossível) himeneu.

Não vem ao caso - vem ao caso que com isso ele estabeleceu a i-mediata comunicação, a fraternidade vermelha, a arquitetura do diálogo. Sim, amigo, eu estava delirando - olhava para aquelas construções, delgadas e alongadas triangulares chapas de aço, significativamente tangidas e tingidas, com toda e gótica elegância apontando para o infinito, e via, não objetos, mas outra coisa. Coisa? Não, eu via seres equipados com carne e osso e emoções e sentimentos em tocante diálogo. E sangue, muito sangue vermelho - acento tônico da paixão do artista.

E, no que "diálogo" pensei, Platon pairando ainda, fiat lux, senti uma violenta pulsão para conhecer o título. Aproximei a lastimável vista cansada e vi a palavra "diálogo". Sim, diálogo, diálogo, muito diálogo. Diálogo que pressupõe algum perdão. "Algum", não, que perdão não é parte e também não se dá, perdão se pede, e incondicionalmente! E se pede de pé, olho (fundo) no olho, não de joelhos, nem prostrado e tampouco batendo com a cabeça no muro. Mas não, a questão é: "Perdão e diálogo entre quem e com quem?" Entre homens e mulheres, pais, senhores e escravos, carrascos e vítimas, povos, culturas, religiões? Com os filhos, com os siris e com os tatuís? Com o Outro? Mas se eu sou Ego, quem é o Outro? É possível penetrar na alteridade e fagocitar, digerir e metabolizá-la? São tópicos que R. Lerner saberia, e soube, elucidar. E com que monástica (mas ansiosa pelo Outro) simplicidade e finesse!

E como ele fez isso? Com sintagmas e paradigmas que eu, depois de um semtempo de meditação, vi nas outras páginas do catálogo - moventes e comoventes variações do tema. Lá estava o "conjunto partes de um conjunto", transfigurado em "conjunto-reunião" dos mais elementares e essenciais valores humanos - a fé em seu negro manto e indecifrável mistério; a reformadora sagrada tríade unida - não mais "pai, filho e espírito santo", mas sim mãepaifilho; o sutil toque sem tocar; a arrebatadora atração; a acolhedora proteção (de que estamos em dívida); a possível evolução do pássaro no espaço; o insinuante envolvimento; a insustentável leveza do apoio; o drama separado da perplexidade; a erótica sedução; o amoroso beijo; a sensual conexão; a...o...todas e todos tanto quanto. Tudo de que o tecido de nosso humano cotidiano é feito - tudo o que o poder possui de nos tornar felizes ou desgraçar para sempre.

Está certo, o argumento não é original (o que é original sob o sol?). Predecessores há, aqui e lá fora, mas quase todos de alguma forma subjugados pela grandiosidade do mito dos Gigantes e dos Titãs, longínquos e distantes, inatingíveis, salvo por intermédio de sua avassaladora presença física. Assim, tudo que sentimos, porque é isso que nos inspiram, se restringe a um piedoso terror, um frio na espinha. Já R. Lerner é suave e etéreo e lúdico e detentor de um léxico poético de agudo refinamento, um sedutor amante, e cúmplice, dos negócios humanos. Suas realizações construções, autorais e proprietárias arquiteturas, são função da cor e da forma e, sobretudo, (destacar e traduzir) da justa medida (Die goldene Mitte), cujo viés de tão lírico em nós evoca antológicos poemas visuais. Uma demiurgia caligráfica despojada, daí por todos inteligível e apreensível.

Está certo também que ele neles, os velhos mestres, se inspirou e com eles aprendeu, mas fez mais - como bom e generoso e reconhecido aprendiz, soube com toda humildade amparar e levá-los adiante; melhor, fê-los descer do Olimpo e os trouxe a nossa cotidiana companhia - humanista, humanizou-os. Não será sintomático que suas criações tenham (insistir nisso) estaturas, não titânicas e tampouco homéricas, mas sim próximas das nossas, frágeis e efêmeras (penso em imagem e semelhança) - coeficiente inspirador de confiança e de intimidade, podemos abraçá-las sem risco de derretermos qual Nefele. Podemos até levá-las para dentro de nossas casas e delas fazer nossos convivas e sócios-proprietários do átropo destino.

Curioso, e meritório, também notar que Roberto, para nos dizer da delicadeza das emoções e dos sentimentos, mesmo quando absolutamente íntimos e viscerais, serviu-se do aço - duro, liso, frio. Foi dele que ele extraiu cada uma das cordas que tangem a nossa mais prosaica e ao mesmo tempo mais profunda humanidade. Foi seu modo de compensar e conferir permanência. E ainda há esse caráter de feng-shui de suas obras - elas tanto podem, com seu insquestionável (alto) teor estético, se prestar para integrar e harmonizar o ambiente, como para serem farol e aviso aos navegantes, nos alertando sobre o que torna o homem homem. Ou por outra, ponha as esculturas em círculo, a seu redor, como as de Stonehenge, e estará cercado de guardiões e, a um tempo, guias sinalizadores do tempoespaço da existência. Não haverá lamentações nem arrependimentos. O que é interdito à arte?

Não concluí. E assim não fiz porque ainda não revelei o segredo de R. Lerner - você compra as obras e leva de presente seus duplos - suas sombras. Sim, com um dimmer você terá formações, atiradas contra o chão ou a parede de fundo, de contrastes dramáticos e suaves nivelamentos, tão significativos quanto suas geratrizes. E com um espectral foco de luz, deslizante sobre trilhos (travelling), você entrará em alfa (centauro) e viajará as viagens lisérgicas dos que se oferecem em holocausto em troca de um pouco de saber e outro tanto de conhecimento - perenes atributos da arte.

Rio 2004

©Alexandros Papadopoulos Evremidis > escritor crítico > E-mail


Leia uma segunda opinião:

PERCORRER O CAMINHO - Olívio Tavares de Araújo

Como não se deve fugir às verdades, a primeira é que Roberto Lerner, depois de uma vida dedicada a outros afazeres, começa tardiamente seu projeto como artista. Por um lado, a idade nunca foi nenhum impedimento para a criação. Basta pensar que Verdi compôs suas duas obras-primas, Otello e Falstaff, entre os 74 e os 80 anos. Por outro lado, dificilmente poderíamos aplicar a Lerner a noção de vocação – pelo menos naquele sentido religiosoromântico que é o que mais circula no terreno da arte. Não tendo ele recebido um chamado juvenil incoercível, o querer criar uma obra, a essa altura, constitui uma decisão não-dramática, serena, vinda da experiência acumulada. E tanto quanto posso notar, não inclui o exorcismo de nenhum demônio pessoal.

Mas é também verdade que seus motivos são exatamente os mesmos que movem todo artista por vocação. A começar por certa necessidade de sobreviver a si mesmo, coisa que a maioria dos artistas costuma negar, ou por falsa modéstia, ou por simplesmente ignorá-lo; conscientemente ou não, prefeririam esquecer seu futuro enfrentamento com a morte. Numa longa, esclarecedora e agradável conversa que tivemos, Roberto Lerner (que, diga-se logo, nada tem de deprimido, mas pensa sem indulgência sobre o mundo e a vida) deixou evidente que, de poucos anos para cá, tal necessidade passou a assaltá-lo. E não só não a negou como se rendeu a ela.

De certa maneira, sobreviver a si mesmo, todos sobrevivem através da própria descendência. Mas o filho não é evidentemente o pai, ao passo que a obra de arte vira um desdobramento, uma outra forma de ser do autor; o DNA é o mesmo. A própria linguagem verbal o comprova: Picasso está morto, mas milhares de picassos (substantivo comum, com minúscula) viverão quase perenemente nos museus. E nada disso tem a ver com imodéstia. Pelo contrário, é honestidade intelectual, existencial e metafísica, diante da consciência de nossa finitude. Com graus variáveis de revolta, todo artista de verdade lhe resiste. Como Fausto e Prometeu, precisa inapelavelmente de superar suas contingências.

Certamente há também, para Lerner, outros motivos menos transcendentais. Por exemplo, a descoberta de um prazer cuja natureza possui muito de lúdico mas tem finalidade e deixa resultados. Ser um artista de tardia floração traz certas vantagens e certas desvantagens. Entre as primeiras, a informação já decantada, a existência de um gosto já apurado, a capacidade de definir com precisão o próprio escopo. Lerner se enquadra na grande tradição do construtivismo do século XX e faz escultura abstrata geométrica, linguagem por cujo intermédio se manifestam os espíritos apolíneos, filhos da razão, que não necessitam de grandes arroubos expressivos. No Brasil, resultou em mestres consagrados, como Amílcar de Castro, Sérgio Camargo e Franz Weissmann.

O fato de que várias das obras de Roberto Lerner nasçam de uma idéia/intenção expressiva e tragam títulos que eu chamaria, até, de ‘figurativos’, é apenas uma peculiaridade do processo, que não afeta nem o resultado nem a integridade da linguagem. Sem ser seca, sua escultura é adequadamente econômica, estrita, sem ceder a qualquer tentação decorativa. A cor comparece como na escultura de Weismann, como elemento de individuação da forma e do plano no espaço, e não como ornamento. Ao surgir, a forma já vem pensada com sua cor.

A desvantagem, para Lerner, está na maior urgência de encontrar um caminho próprio, em que ao patrimônio comum da abstração geométrica se acrescente aquela descoberta que singulariza um artista. Ao contrário do que poderia parecer, o repertório de recursos do construtivismo estrito é pequeno. Acabam surgindo, entre artistas diferentes, soluções muito semelhantes para problemas semelhantes – e também limitados em sua quantidade. Seria pois injusto já estar cobrando, a essa altura, originalidade de um artisticamente jovem escultor construtivista. Mas posso e devo cobrar-lhe os esforços no sentido de fazer sua(s) descoberta(s) próprias de linguagem e enriquecer sua contribuição. Nesse sentido, a “sacada” de Amílcar – cortar e dobrar dentro de um só plano – tão simples e decisiva, pregnante de tantas infinitas conseqüências, torna-se exemplar.

Para facilitar sua tarefa, Roberto Lerner conta, de saída, com a percepção muito inteligente do mundo; não acho que o artista deva ser forçosamente um intelectual, mas sobretudo nesse tipo de proposta conhecimento de causa(s) e lucidez ajudam. Conta também com sua motivação, que é verdadeira e irrecusável, Ersatz da vocação adolescente que não houve, e com a natural facilidade aqui já revelada. Se este texto começou com uma verdade, há de terminar com outra. Nesta exposição está o bom ponto de partida – mas não ainda o de chegada – de uma obra. Ao autor, agora, cabe-lhe ir percorrendo com empenho o caminho, e a nós outros observá-lo com prazer em seu processo de crescimento.


E aqui Roberto Lerner por Roberto Lerner - a gênese demiúrgica.

A criatividade é, para mim, uma jornada de descobertas que muitas vezes termina distante do ponto de partida. A idéia inicial pode ser uma visão, o desejo de manifestar um sentimento ou uma idéia, a necessidade de materializar um conceito ou ainda uma simples brincadeira com formas que evoluem numa metamorfose progressiva.

Nesta brincadeira, como numa aventura onde percorremos o caminho pelo qual as circunstâncias nos levam, exploro as minhas emoções ou minhas concepções mais profundas e elas se manifestam em formas que vão evoluindo até que, de repente, sinto que nasceu um novo rebento e uma nova obra ganha vida. Uma obra que incorpora para mim um profundo significado e que me provoca um encantamento e um grande prazer que tento transmitir. A utilização do aço para criar as esculturas tem a ver com minha formação técnica e com meus trinta anos de contato com processos metalúrgicos. A abstração geométrica presente nas peças tem origem nas influências pós construtivista e pós minimalista da arte e também na minha convicção de que a simplicidade é a essência.

O objetivo de meu trabalho é criar peças que sejam um estímulo à contemplação e ao prazer estético e provoquem o espectador com um enigma para o olhar e um significado simbólico.Trabalhando a forma e o espaço crio composições que exprimem não somente o visível mas também o oculto, o não visível, o espaço vazio.


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©Alexandros Papadopoulos Evremidis = escritor crítico > Email
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