| Renato Sant'Ana |

Renato Sant'Ana Plasmando o Mundo com e em Cor

Se visitar o atelier de um artista já é uma viajem por si só, imaginem subir o Morro da Conceição, bem ali atrás da Praça Mauá, estacionar no largo, antigo mercado de escravos do Rio de Janeiro. Pela sua dimensão nos faz pensar que estamos em Portugal, tendo ao centro um pilar coroado pela Virgem-Nossa Senhora da Conceição. Seguindo pela rua do Jogo da Bola chegamos ao tradicional sobrado. Um pé-direito altíssimo nos eleva o pensamento - um mundo de cor nos espera. Três andares de surpressas. É nesse ambiente que aparece Vênus (Matriz Geratriz da Vida), nascida ali mesmo, fruto de um processo de altas alquímias, desenvolvido pelo artista ao longo dos anos de meticulosa pesquisa (mental) e profunda devoção (emocional) - binômio sem o que a arte e a vida são depauperados, senão destituídos de significação.

Segundo Fernando Cocchiarale "Pintura para Renato Sant'Ana é cor e espaço. Entretanto, estes elementos não resultam de projeto prévio, não são composições antecipadas pela mente, como ocorre na pintura Construtivista. São antes produtos de uma ação gestual e expressiva, cujos riscos podem ser contudo controlados pelo domínio das possibilidades plásticas das tintas (matéria), por ele utilizadas. Tanto a maneira de produzir, quanto seus resultados filiam-no, genealogicamente, ao Expressionismo Abstrato (De Kooning e Pollock via Guinle) e ao Expressionismo característico da Geração 80. Essas referências históricas justificam e esclarecem o apreço de Sant'Ana pelo papel do acaso controlado, por um cromatismo vibrante e pela ocupação matérica de toda a superfície das telas."

"Tinta é água e pedra. Mais é também pensamento líquido. Este é um fato essencial que a História da Arte ignora." - Janes Elkins in What Paiting Is.










































Fotos: divulgação


Gentileza gera gentileza? Beleza, com toda certeza. É o que salta aos olhos e assalta a alma, à medida que Renato Sant'Ana nos ciceroneia pelos labirínticos ambientes e patamares de seu engenhoso atelier, no Morro da Conceição - Rio de Janeiro, que mais parece (é!) museu - tantas as belas e raras e inventivas e criativas peças que exibe. Aqui, restauradas; ali, refuncionalizadas; adiante, resignificadas, inventadas, criadas, calibradas, pesadas e medidas e afiadas e mais. O refrão da música "Eu vejo flores em você", epítome de tudo quanto ali nos encantava e seduzia, não me saía do emaranhado aramado pensamento. Quando finalmente desatei os nós e os laços e segurei a ponta do fio da Ariadne, ele saiu e fluiu e foi da boca e foi assim:
Eu vejo cores em você, Renato Sant'Ana!
De fato, as suas fortes e expressivas, macias e calientes e tesudas e sensuais cores que simulam até comestíveis - guloseimas e confeites e geléias e Schmier -, também parecem pétalas e folhas e gotas de aromático orvalho em aérea etérea suspensão, que aos poucos vêm flutuando e planando e rodopiando e se depositando sobre as matéricas superfícies e as vivas epidermes, impregnando e germinando para logo frutificarem. Cor, sim, muita e livre cor, em generosas e espontâneas gestuais passadas, mas também não só: Sant'Ana, credenciado e legítimo epígono de Da Vinci, na engenhosidade, e de Guinle, na desenfreada desmedida paixão, garimpando o fundo do que é ser humano, faz seu atelier, transcendendo toda restrição, se transformar em fábrica, oficina, movelaria, consultório, laboratório... o que você imaginar, lá você vai encontrar. Arte por toda parte. Kalitecnia.

P.S.: Não esquecer o entrevisto - que em suas policromias orfeorgiásticas percebe-se um insinuante ordenamento coreográfico, uma construção arquitetural, uma... artetetura, enfim.

Rio de Janeiro 2008

©Alexandros Papadopoulos Evremidis > escritor crítico > Email


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