| Renan Cepeda |
Renan Cepeda investiga há mais de dez anos a técnica do light painting em paisagens e cenas noturnas no interior do Brasil e mais recentemente, nos Andes peruanos. O fotógrafo acaba de regressar de mais uma investida com esta experiência fotográfica: o altiplano de Castilla y Leon, região no oeste da Espanha muito famosa por seu vinho de Toro e por uma grande quantidade de castelos medievais abandonados, em ruínas ou mesmo restando apenas alguns vestígios.
Da Espanha, Renan Cepeda trouxe uma coleção de castelos fotografados à noite com lanternas e canetas laser, registrando efeitos luminosos em suas câmeras antigas de filme - como uma Rolleiflex 6x6cm e uma Linhof 4x5 polegadas, ambas fabricadas nos anos 1950 -, sem se furtar de lançar também um olhar diurno para algumas paisagens singulares desta região ibérica, que guarda ainda muitos mistérios dos cavaleiros templários e de bruxos que ali se reuniam até a implantação da Santa Inquisição.
O resultado desta viagem no tempo pode ser visto pelo público na exposição Knight Paintings, que o fotógrafo inaugura dia 30 de agosto, terça-feira, às 19h, na Galeria Tempo (Av. Atlântica, 1782 / loja E. Copacabana - ao lado do Copacabana Palace). A mostra apresenta 22 obras inéditas em formatos que variam entre 24x24cm e 110x130cm, feitas com filme infravermelho e com a técnica light painting, marca registrada do artista, que se tornou uma referência da fotografia brasileira. Em Knight Paintings, Cepeda continua sua busca pela contra mão do exótico, que teve início com as séries realizadas pelo interior do Brasil, quando registrou casas abandonadas, acreditando que o fato de estarem desabitadas dava a elas uma vida própria. Ao apontar suas lentes para outro continente encontrou castelos, mais antigos que o próprio Brasil, tão abandonados quanto as casas do sertão brasileiro. “A série continua a construção desse meu mundo e tento seduzir o espectador para dentro dele, educando o olhar das pessoas para a fotografia noturna”, explica. “No escuro o fotógrafo pode ter a luz em punho a moldá-la. Casas e pessoas podem ser ‘pintadas’ de distintas formas”, conclui o fotógrafo.
Com a ingenuidade de um iniciante, Renan Cepeda ousa tentar reinventar a fotografia quando aumenta seu tempo de exposição para dezenas de minutos, dissociando-a do chavão “instante decisivo”. Os momentos de decisão se restringem à escolha das construções, seus ângulos quase sempre em perspectiva, e as cores que sua lanterna fará imprimir nas paredes e objetos, em jatos de luz à noite. Como pinceladas em uma tela constrói então sua paisagem, entrando na própria cena enquadrada e decidindo qual e como cada coisa dentro dela será contemplada pela fonte de luz em suas mãos, para que então passe a existir na fotografia. Sem monitoramento, há de se ter domínio da porção de luz e sua direção. Entretanto, em completa escuridão o fotógrafo enxerga apenas o foco da lanterna, sem visualizar o resultado final, o qual será sempre uma surpresa para ele mesmo ao se revelar a película em laboratório. Papéis de bala e sacos de supermercado, por exemplo, funcionam como filtros coloridos à frente das lanternas, criando os matizes de cores na imagem.
Knight Paintings é a evolução do nome Night Paintings, título de uma série de fotografias brasileiras já apresentadas em individuais no Brasil e exterior, que por sua vez provêm de "light painting", termo internacional que denomina esta técnica, muito utilizada em fotografias comerciais de pequenos objetos em estúdio. Além do light painting, Cepeda estuda a fotografia infravermelha, a qual, curiosamente, também não vê os resultados como se percebe ao vivo. “A fotografia deve se manter em seu território de mistério e alquimia pura, preservando o tempo da espera de se revelar as imagens”, acredita, “é o que os fotógrafos norte-americanos de paisagens chamam de ‘waiting time’: a limitação autoimposta de não ver o resultado na hora – como na fotografia digital – forçando o autor a aplicar toda a atenção e todo seu conhecimento para garantir a qualidade da obra, in loco, sem pós-produção”, explica. Desta forma o autor torna-se expectador de seu próprio trabalho, ainda mais no caso de Cepeda, que sequer vê seus assuntos durante as tomadas, como um fotógrafo cego.
Carioca, nascido em 1966, começou a fotografar em preto e branco com 11 anos de idade. Escolado na experiência do fotojornalismo do Jornal do Brasil nos anos 1980, colaborou também para as maiores publicações do país, e foi correspondente da agência francesa SIPA-Presse no Rio. Em 1996 fundou o “Arte de Portas Abertas” e a Chave Mestra – Associação dos Artistas Visuais de Santa Teresa, bairro onde mantém seu ateliê. Dedicando-se hoje integralmente à fotografia de arte, Renan Cepeda é reconhecido pelas pesquisas artísticas sobre técnicas fotográficas incomuns, como a fotografia infravermelha e o light painting.

Rio de Janeiro 2011


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