| Regina Vater |
Referência absoluta no campo de confluências entre a arte e a tecnologia, Regina Vater retorna ao Brasil depois de morar por 20 anos nos EUA e ganha retrospectiva no Oi Futuro – Flamengo. A exposição Regina Vater: Quatro Ecologias traz ao país a obra da premiada artista que, ao longo das últimas quatro décadas desenvolve um trabalho complexo e sofisticado no campo da fotografia, filme, vídeo, performance e instalação. Regina destaca-se também por sua obra gráfica experimental, que inclui livro de artista, arte postal e poesia visual. A curadoria da exposição é da crítica de arte Paula Alzugaray.
Regina Vater foi uma das primeiras artistas brasileiras a trabalhar com vídeo e sua obra aborda, desde o início dos anos setenta, assuntos relacionados à ecologia. O título da exposição Regina Vater: Quatro Ecologias remete a Félix Guattari (1930-1992), filósofo francês criador do conceito As Três Ecologias (meio ambiente, relações sociais e subjetividade humana). Segundo argumento da curadoria, num trabalho que abrange as relações entre arte, sociedade, natureza e tecnologia, Regina Vater contribui de maneira expressiva para o debate sobre a emergência de uma nova ecologia nos âmbitos da arte e da vida contemporânea: a ecologia midiática.
“Em Regina Vater demarca-se um impulso transmidiático que favorece cruzamentos entre linguagens e propostas e dirige o trânsito de seu pensamento ao longo das mídias. Isso nos faz pensar na pertinência de uma quarta ecologia, uma ecologia transmidiática, operando transversalmente entre arte, natureza e tecnologia”, conceitua a curadora. Dentro desse espírito, a exposição está organizada em quatro campos, que representam as “quatro ecologias” presentes no corpo da obra de Regina Vater:
Ecologia Social
A obra de Regina Vater se oferece como um canal de reflexão sobre a qualidade das relações humanas e dos ambientes sociais. Nesse espaço, estarão em destaque as consagradas obras Cinematic Stills (1972-2012), entre elas Playfeuillagem (1974), Tina America (1976), Miedo (1975), Posando para a eternidade (1976), Fal'Arte (1978/digitalizada em nova versão em 2011), Luxo-Lixo (audiovisual mostrado na Bienal de Veneza, em 1976, com participação de Hélio Oiticica, na parte sonora). No mesmo ambiente, em diálogo com Luxo-Lixo, EAT FAT (1974) e a web instalação Desire (2012), realizada especialmente para a exposição no Oi Futuro, onde uma maçã se decompõe ao longo do tempo da exposição, enquanto é filmada e transmitida ao vivo na internet.
Ecologia ambiental
Segundo tese da exposição, a consciência ambiental de Regina Vater se manifesta tanto na opção por materiais orgânicos e perecíveis em trabalhos instalativos – em concordância com outras poéticas de sua geração, que questionam a perenidade da obra de arte e advogam por sua fusão com a vida cotidiana – até na opção pelo lixo –, seja do Carnaval carioca ou de restaurantes de museus americanos – como objeto de séries fotográficas e obras de arte postal. Obras em destaque: fotografias da série Eletronic Natures (1985-95), composta por stills de uma natureza filtrada pela imagem eletrônica.
Ecologia mental
No campo da ecologia mental que, segundo Guattari, é o ato de reinventar a relação do sujeito com o corpo, com o tempo que passa, com os mistérios da vida e da morte, situa-se todo o corpo de investigações de Regina Vater sobre o tempo, o espaço e as cosmogonias antigas. Destaca-se aqui a instalação fílmica Conselhos de uma Lagarta (1976), obra composta por duas projeções posicionadas em espelhamento. Várias Reginas auto-retratadas são intercaladas com frases extraídas do livro Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carrol.
Ecologia Transmidiática
A natureza transmidiática da obra de Regina Vater será representada no terceiro nicho da exposição, onde serão instaladas cinco telas de LCD, com programações de seus trabalhos em vídeo e em audiovisual. Na mesma sala, a instalação Vide(o)Dolorido (1983) traduz os múltiplos trânsitos não apenas midiáticos, mas ecosóficos da obra da artista.
Nasceu no Rio de Janeiro e teve entre os primeiros mestres Frank Schaeffer e Iberê Camargo. Desde sua primeira exposição individual em 1964, teve carreira bastante ativa. Em 1967, representou o Brasil na Bienal de Paris, junto com Hélio Oiticica, Rubens Gerchman, Anna Bella Geiger e Maria Bonomi. Em 1972, recebeu o “Prêmio de Viagem ao Estrangeiro, do Salão Nacional de Arte Moderna”, que a levou a Nova York (1973), tornando-se amiga de Hélio Oiticica, a quem considera uma das influências artísticas mais determinantes no seu trabalho. Em 1974, morou em Paris por seis meses, estreitando laços com Lygia Clark e Mário Pedrosa. Depois de dois anos e meio em Paris, Londres, Lisboa, Grécia e Nova York, retornou ao Brasil, onde intensificou sua atividade em poesia visual. Do poeta concreto Augusto de Campos, o poema LUXO-LIXO inspirou sua obra realizada entre 1974 e 1975, com a qual representou o Brasil na Bienal de Veneza, em 1976. Em outubro de 1974, em Paris, a convite da atriz e diretora Ruth Escobar, Regina realizou seu primeiro trabalho em vídeo (um documentário poético), iniciando uma extensa videografia. Em 1979, foi curadora da primeira exposição abrangente da arte de vanguarda brasileira, na Nobé Gallery, em New York. Seus vídeos foram mostrados em vários festivais americanos e, entre prêmios e menções honrosas, destacam-se: menção honrosa do American Film Institute; the Best of ACTV Programming; Video Travel Grants Pilot From the Arts International & National Endowment; "My Own Home Town" award for video; GPIA grant from Program for Interdisciplinary Artists - Southwest Alternate Media Project e New Jersey Council for the Arts Fellowship. Em 1980, recebeu o “Guggenheim Fellowship” – sendo a primeira artista mulher brasileira a ganhar este prêmio. Neste ano mudou-se para Nova York e, desde então, se estabeleceu como artista extremamente produtiva nos EUA. Seus trabalhos integram coleções importantes, como a do Museu de Arte Moderna de Nova York, Biblioteca Nacional da França, Ala Rockfeller do San Antonio Museum of Art, Artpace Foundation, San Antonio (Texas), Austin Museum of Art (Texas), Blanton Museum of Art, Austin (Texas), Museus de Arte Moderna do Rio de Janeiro e de São Paulo e Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, além de ter sido entrevistada para os Arquivos Orais de Artistas Latino-americanos, do “Smithsonian Institute”, em Washington. Viveu em Austin de 1985 até 2012, retornando ao Brasil para morar com seu com seu marido Bill Lundberg, no Rio de Janeiro.

Rio de Janeiro 2012


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