| Raul Leal |
Raul relaciona elementos da paisagem urbana com os meios digitais de produção de imagens e o desenho. O trabalho propõe uma reflexão sobre a situação da imagem no mundo atual, onde meios cada vez mais sofisticados para sua produção se tornaram corriqueiros e acessíveis. Onde o trânsito dessas imagens assumiu proporções inimagináveis anteriormente. Também existe uma relação com a pesquisa sobre os espaços do cotidiano urbano e seus lugares vazios e de passagem, presente em suas pinturas. De certa forma esses trabalhos aludem ao que o filósofo Michel Foucault se refere como “heterotopias”:
“Julgo que entre as utopias e este tipo de sítios, estas heterotopias poderá existir uma espécie de experiência de união ou mistura análoga à do espelho. O espelho é, afinal de contas, uma utopia, uma vez que é um lugar sem lugar algum. No espelho, vejo-me ali onde não estou, num espaço irreal, virtual, que está aberto do lado de lá da superfície; estou além, ali onde não estou, sou uma sombra que me dá visibilidade de mim mesmo, que me permite ver-me ali onde sou ausente. Assim é a utopia do espelho.Mas é também uma heterotopia, uma vez que o espelho existe na realidade, e exerce um tipo de contra-ação à posição que eu ocupo. Do sítio em que me encontro no espelho apercebo-me da ausência no sítio onde estou, uma vez que eu posso ver-me ali. A partir deste olhar dirigido a mim próprio, da base desse espaço virtual que se encontra do outro lado do espelho, eu volto a mim mesmo: dirijo o olhar a mim mesmo e começo a reconstituir-me a mim próprio ali onde estou. O espelho funciona como uma heterotopia neste momentum: transforma este lugar, o que ocupo no momento em que me vejo no espelho, num espaço a um só tempo absolutamente real, associado a todo o espaço que o circunda, e absolutamente irreal, uma vez que para nos apercebermos desse espaço real, tem de se atravessar esse ponto virtual que está do lado de lá.”
As conexões e desvios entre as linguagens da alta e baixa cultura, tecnologia e artesania, real e virtual são pontos de interesse. Relações entre os processos tecnológicos, que se apresentam como realidades presentes em todos os extratos da sociedade e os processos corriqueiros que perpassam o dia a dia de todos os seres humanos são colocadas, criando uma situação onde os limites entre os dois processos se mostram difusos e instáveis.

Rio de Janeiro 2001


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