| Rafael Campos Rocha - "Duelo" |

O artista expõe minúsculas esculturas em metal sustentadas e contracenando com grandes armações de madeira. Tenta ocupar o máximo de espaço possível com o mínimo de matéria, em um processo de dramatização do espaço expositivo. Campos Rocha também apresenta uma série de desenhos sobre papel dourado intitulada “surfista contra galactus” (personagens dos quadrinhos dos anos 70), em que gestos mínimos de tinta enrugam o papel criando um intermediário entre o desenho e a escultura.

Rafael Campos Rocha é artista da galeria virgílio desde 2002, quando realizou sua primeira individual no espaço. Desde então, nas individuais anteriores e em diversas coletivas, o artista tem tratado de explorar cada um dos aspectos da arquitetura do lugar, em peças nas mais diversas técnicas, como pintura, colagem e instalação.Rafael Vive e trabalha em São Paulo.

Texto “parte integrante” feito pelo artista especialmente para a exposição.

O Surfista Prateado é um personagem de gibi criado nos anos sessenta. Ele é, além de prateado, careca e sem pêlos, usa uma sunga boxer e voa em uma prancha de surf prateada como ele. Essa cor do Surfista é, na verdade, uma camada protetora colada nele por um outro cara chamado Galactus, que deu para o Surfista a sua famosa prancha, os raios cósmicos, a indestrutibilidade e a auto-suficiência (o Surfista não precisa, comer, respirar nem nada disso). Esse Galactus é um sujeito poderosíssimo e enorme – a estatura deve variar de acordo com o efeito que ele quiser fazer nos outros – usa uma armadura high-tech com chifres, é eterno e, como o Surfista, indestrutível. Ele vem de um mundo distante e se alimenta de planetas inteiros. Não que ele coma o planeta com os dentes – até para um cara daquele tamanho ele não teria saído da primeira refeição, mesmo sendo eterno – mas ele transforma o planeta em energia e aí suga tudo. Tipo um buraco negro antropomórfico. A vida do Galactus, então, é passear pelo Cosmo em busca de comida e depois fazer a siesta numa nave bacana só dele. O Surfista era um dos habitantes de um planeta-lanche de Galactus que se sacrificou para salvar o seu mundo (o cara estava para casar e tudo o mais), oferecendo-se como uma espécie de guia para levar Galactus para outros planetas, no esquema se é pra botar no dos outros então está tudo bem.

Pois bem, um belo dia o Surfista chega na Terra botando pra quebrar e se impressiona com a resistência heróica dos habitantes dos Estados-Unidos, que estão representando o mundo mais uma vez. Ele fica então, do lado dos terráqueos de Nova York contra o Galactus, transformando a Terra num sanduíche difícil de engolir. O tal Galactus se irrita e vai embora, mas não sem antes colocar o traíra de castigo, preso na atmosfera terrestre para sempre.

Acontece que quase ninguém na Terrinha sabe do sacrifício do Surfista - além de acharem difícil se acostumar com gente prateada voando numa prancha - e ele fica só, incompreendido e eternamente aprisionado num planeta que o odeia.

Sei lá, acho que ele deveria tentar o Brasil.

Rafael Campos Rocha


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©Alexandros Papadopoulos Evremidis = escritor crítico > Email
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