Rachel Sarandy

O TRIÂNGULO 80X110 AST RS

Equilíbrio e harmonia lírica

By Alexandros Papadopoulos Evremidis*

Há um exato ano, travei o primeiríssimo conhecimento com as criações de Rachel Sarandy e foi num dia de alguma depressão e outro tanto de agitação. Nada dramático, porém, já que ambas previstas em nossa instável humana natureza, alternando-se em intervalos regulares com o binômio euforia e quietude. Dramático, isso sim, o efeito apaziguador que, lembro como se agora fosse, eu senti no ato. Por incógnitos desvios psicológicos, ocorre procurarmos antídoto no distante, quando ele se encontra em nossa mais íntima proximidade, nas pequenas divindades que nos rodeiam, mais e melhor, em nosso interior. E, claro, nas pinturas de Sarandy.

De fato, ao contemplar o teor da (emblemática) tela que, de modo literal, inequívoco, lógico e analógico, titula a série “Caminhos”, tive a óbvia revelação - razão não havia para a vida não fluir, bela e simples e feliz, como aquela pintura “sugeria” em toda a sua silenciosa e ainda assim resolutamente expressiva contundência. Acaso não estava ali a senha in hoc signo adaptada?! E eu nem precisava possuir habilidades especiais – bastava erguer o olhar e direcioná-lo para a diagonal direita, para um invisível radiante ponto luminoso de que emanavam energéticas raias finas, agora generosamente ampliadas pela artista.

Escrevi no parágrafo anterior “literal”, mas será literal um caminho de arbitrárias pistas vermelhas?! Serão metáforas dos flamantes condutos da sangüínea seiva, da paixão, da mente? Da flecha ardente? Só Sarandy para nos dizer dos significados dos significantes, das parábolas, das alegorias. Afinal, é destinação de artista ordenar o caos, erotizá-lo, abrir caminhos, sinalizar e franqueá-los a nosso livre, ainda que efêmero, trânsito. A nós cabe, com humildade, mas sem submissão, criticamente, trilhá-los, tal qual também ela o faz – não vê o nome dela, caligráfico fluxograma, assinalado sobre níveas asas?!

Decorre daí que, mais que a lógica, intrínseca em seu artístico fazer e corolária da formação exata de engenheira e analista, Sarandy busca em sua pintura esquemas de linhas, planos, cores - acordes com transcendências condizentes e conduzentes à harmonia e ao equilíbrio. O protagonista, ao menos nos geometrismos, é o homem universal, não o egótico indivíduo. Mas há também esses outros caminhos, por onde a artista andou andando e que, com gestual espontâneo, nos dizem de territórios apócrifos, mas não interditos à cúmplice empatia.

Inegável, também, uma constante dinâmica, vibrátil vitalidade, denunciada pelos planos - justa ou sobrepostos, balizados, analiticamente modulados, dominantes ou recessivos. Claro, menos nos repousantes horizontais e nos resistentes à gravidade verticais, e mais nos diagonais futuristas - puro movimento e mudança. Não foi dito ser a artista também analista?! De todo modo, em uns nos estimula o intelecto, em outros nos desperta a emoção e, sim, também a sensualidade – função da densidade e da conformação da matéria plástica, sua fisicalidade, seus insinuantes encaixes.

Isto me faz recorrer à filosofia e me socorrer com Platão dos dois mundos – o sensível, fenomênico, e o inteligível, das idéias reais, residentes no topos uranos. Noções que Descartes customizou para idéias claras e distintas e obscuras e confusas. E Kandinsky, Malevich e Mondrian neoplatonizaram, com a deliberada intenção de projetar um novo homem e um novo mundo, livre de imperfeições e regido por uma nova ordem espiritual e social, onde reinasse harmonia ideal.

Fiz o parêntese supra, in limine, por nele intuir afeições da fatura artística de Rachel Sarandy, que, vivenciados, com sucesso, parcimônia e rigor geométricos, expande agora a liberdade, levando o pincel a bailar ao sabor das emoções. Mas sem tumulto crômico nem formal, apenas acompanhando expressivos batimentos cardíacos. A tela determina o limite, mas não silencia a lira poética. Há caminho a ser andado e se faz ao andar: é despir-se do medo, vencer a distância e mergulhar no espaço pictórico - campo de coloridos sonhos.

Rio de Janeiro - 2007

©Alexandros Papadopoulos Evremidis > escritor crítico > E-mail


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