| Pingarilho - Pinturas e esculturas |

Paisagens interiores

©Alexandros Papadopoulos Evremidis*

A Villa Riso, com seus caprichados recantos e oníricos canteiros floridos, sua estatuária, sua sacerdotal MC Cesarina imperial e suas imperiais palmeiras imperiais (portentosas testemunhas do tempo) e ainda sua nostálgica arquitetura e seus acolhedores e generosos espaços, para o público e para as peças de arte, já por si só é uma sedutora atração que regiamente recompensa uma e mais visitas.

Abrigando uma exposição como a do Pingarilho, então, não há como não se tornar superlativa. De fato, bastou atravessarmos a soleira para nos sentirmos envolvidos e banhados por uma aura de sutis gradações situadas sobretudo nos aprazíveis interstícios do vermelho e do amarelo, com destaque para as delicadas variantes do laranja - "É a cor dele", ouvi mais de um encantado convidado dizer baixinho a outro, como se confidenciando um hierático segredo.

Pensei nos amanheceres e nos entardeceres, das Índias, em particular, e dos Orientes(-se), em geral, e logo tive a intuição confirmada pelas muitas alusões contidas nos poéticos títulos àquela parte espiritualizada do mundo. Certo, mas também não podemos nem devemos ser injustos com as clarividentes nuances do azul, de algum verde, do violeta. Uma sinfonia (não é Pingarilho compositor e músico bossanovista dos riachos cantarolantes?) de formas e cores enriquecida e enaltecida por uma Ode à Alegria da natureza e suas mudanças sazonais, surpreendidas aqui e glorificadas até o sublime ali.

Sendo, porém, também arquiteto (que se substitua este último vocábulo pelo neologístico, mas não desprovido de alguma real significação, "arteteto" = que põe arte), não teria como o artista não se esbaldar na construtiva sintaxe dos dourados das filigranas, dos circunvolantes arabescos, das esmeradas iluminuras, dos tapetes pairantes, dos diáfanos sarongues, aqui e ali semeados de símbolos e semas - de metafórica semântica. Aqui e ali, de par com o demais e em harmonia com o conjunto, reina também uma etérea sensualidade, mas apenas insinuada, certamente para não conspurcar, por sinuosas e insinuantes figuras femininas - tudo estritamente no essencial dos suaves, perceptíveis, contornos ao vento.

Não esquecer a presente presença das graciosas esculturas de pequeno formato e semelhante raio cromático, ainda que levemente acentuado, que, emulando pássaros e conseqüentes dinâmicas evolutivas no espaço, anseiam levantar vôo - tal a leveza, a lúdica singeleza e a sutileza com que são elaboradas e de que se revestem.

Se toda imagem, seja ela figurativa ou abstrata, e ainda formal ou informal, é uma tautologia, me permito duas palavras para resumir as vastas emoções das vastas criações de Pingarilho em silenciosa écfrase que me anima a ânima - "Paisagens Interiores"!

Foto: Soraya Lopes e Celso Brando

Rio de Janeiro - Setembro - 2006.

©Alexandros Papadopoulos Evremidis > escritor crítico > Email


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