"MADEMOISELLE CHANEL", de Maria Adelaide Amaral / Editora Globo
Elegance sans decadence!

Uma "velha senhorita" que jamais perdeu a avidez ou a incredulidade, que encontrava nas palavras as suas maiores aliadas, e na solidão, o pior castigo. Nascida sob o signo de Leão, passou a infância em um orfanato e quase tornou-se uma "cocote". Mas tomou as rédeas da própria vida e mudou o seu destino. A descrição pode ser aplicada a muitas mulheres, mas refere-se a Coco Chanel. MADEMOISELLE CHANEL, peça teatral de Maria Adelaide Amaral, lançada em livro pela Editora Globo, revela a vida dessa mulher extraordinária e criadora genial da moda.

A trajetória da estilista é retratada por Maria Adelaide Amaral nesta peça originalmente escrita em 1991. A obra sofreu mudanças e perdeu a característica inicial de monólogo: a escritora alterou a versão original e deu voz e reações à personagem da modelo que inicialmente apenas vestia as criações da protagonista. Foram publicadas as duas versões para o leitor interessado em conhecer como se dá o processo de criação.

Maria Adelaide apresenta uma Chanel que acreditava no amor e no trabalho e que revolucionou a moda. Em meio à celebridade conquistada, aparece uma mulher já envelhecida, mas ainda forte, perturbada pelos seus fantasmas e que demonstra as suas fraquezas, os seus medos e vícios (o cigarro e a morfina). Ela, que jamais desenhou um croqui e esculpia as roupas no próprio corpo feminino, dignificou o jérsei, criou o pretinho, as pantalonas, o chemisier, o cardigã e a clássica combinação azul-marinho com branco. Apoderou-se da moda masculina e a transformou num prodígio de feminilidade, conforto e liberdade de movimentos. Chanel foi além da moda. Criou um estilo. "A moda passa, o estilo permanece", dizia ela.

Maria Adelaide Amaral fala do seu reinado como estilista, mas também resgata as tristes lembranças da infância e da juventude. "Eu nunca me conformei com a minha condição social, nunca aceitei que a ignorância e a miséria pudessem ser o meu destino!", brada em determinado momento.

Os diálogos são muitas vezes sombrios, carregados de saudade e dor, mas também refletem o orgulho e altivez da grande estilista. Ela se refere ao valor da amizade e a seus amigos Churchill, Satie, Diaghilev e Picasso. Já aos estilistas Paco Rabane, Pierre Cardin, Elza Schiaparelli e Dior, não poupa críticas ácidas. Quanto aos amores ­ obscuros, importantes e surpreendentes - ela se define como uma mulher apaixonada pelo amor. A autora aborda ainda o fechamento das portas da Maison Chanel durante a 2ª Grande Guerra, a sua reabertura em 1954 e o sucesso em Hollywood.

Nas páginas de MADEMOISELLE CHANEL, as muitas faces desta mulher que, apesar de pequena e de aspecto frágil foi, simplesmente, Chanel ­ decidida, solitária, forte, sedutora e, sobretudo, original. Original na moda e na vida, revelada pelas mãos de Maria Adelaide Amaral.

A criação ­ "A princípio, eu acreditava que não tinha nada a ver com essa mulher nem com o mundo da moda", afirma a escritora. Mas acabou "fisgada" pela vida, personalidade, coragem e determinação de Coco Chanel. A intensa pesquisa que realizou para escrever sobre a estilista trouxe revelações interessantes, como a paixão que o cineasta Lucchesi Visconti nutria por ela.

"As palavras lhe saíam rápidas, como balas de uma metralhadora", afirma Maria Adelaide. E é assim que ela surge em MADEMOISELLE CHANEL. "A voz sempre rouca, o olhar sempre vivo, o cigarro sempre entre os dedos, e a mordacidade, o orgulho que beirava a arrogância, muito compreensível para quem como ela foi órfã de mãe, abandonada pelo pai e criada até a sua adolescência num orfanato religioso, mas que soube aproveitar todas as oportunidades que teve para abrir seu caminho, crescer e vencer".

A autora - Dramaturga e romancista, Maria Adelaide Amaral nasceu em Portugal e veio para o Brasil com 12 anos. Formada em Jornalismo, trabalhou na editora Abril Cultural de 1970 a 1986. Dentre suas peças mais importantes, estão: Bodas de papel, O abre-alas, De braços abertos e Minha querida mamãe, todas ganhadoras do prêmio Molière. Estreou na televisão em 1990, como co-autora das novelas Meu bem, meu mal, Anjo mau e A próxima vítima. Outros de seus sucessos são as minisséries A muralha, Os Maias, A casa das sete mulheres e Um só coração. Em 1986 publicou o romance Luísa ­ Quase uma história de amor (Ed. Globo), ganhador do prêmio Jabuti. Escreveu, também pela Editora Globo, Aos meus amigos, Dercy de cabo a rabo, O bruxo e Tarsila.

Rio de Janeiro - 2004


"AOS MEUS AMIGOS" e "O BRUXO", de Maria Adelaide Amaral / Editora Globo

A elegia do elogio.

Em Aos Meus Amigos, Maria Adelaide Amaral aborda dois temas espinhosos: a morte e o suicídio. Após o suicídio de Leo, seus amigos se reunem para velar o corpo e manter viva a imagem dele, enquanto procuram os originais de um livro que ele teria escrito. Maria Adelaide trança diálogos, reminiscências e situações que tangenciam aquilo que, um dia, Albert Camus considerou o único problema filosófico realmente sério: o suicídio.

"Todos os textos de Maria Adelaide apontam para o conflito humano, sobretudo entre homens e mulheres, entre pais e filhos, entre mãe e filha, delicada obscura escura trama difícil, de fios enredados cujas pontas muitas vezes jamais se identificam", afirma Lya Luft. Já Caio Túlio Costa escreveu a respeito do livro: "Um tratado metafórico sobre os amigos, um paradoxal elogio à amizade, um livro gostoso de ler e que faz pensar."

Maria Adelaide Amaral nasceu na cidade do Porto, em Portugal. Mudou-se ainda menina para o Brasil e veio a tornar-se uma das mais importantes escritoras brasileiras. Celebrizou-se como autora de peças para teatro e novelas, o que veio a encobrir parcialmente a excelência de sua produção como romancista. Entre outras obras da autora, incluem-se: "Dercy de Cabo a Rabo", "O Bruxo" e "Luísa".


"O BRUXO", de Maria Adelaide Amaral / Editora Globo

A ingerência dos ocultos

O universo humano e seus conflitos são a grande temática da obra de Maria Adelaide Amaral. O bruxo traz a história de Ana, uma poetisa em busca de um novo amor. Com o casamento de vinte e cinco anos já desfeito e os filhos criados, Ana se permite sonhar com alguém que a fará viver uma relação de plenitude. Aconselhada por amiga próxima, ela decide consultar um homem que, acredita-se, tem o poder de prever o futuro. Relutante em lhe dar crédito no início, Ana percebe que as revelações do bruxo sobre sua vida começam a se concretizar, e ela revisita os amores do passado, analisa a carreira e tenta auxiliar seus filhos a resolver suas angústias.

Por fim, as decepções, as vitórias e a possibilidade de morte iminente fazem com que Ana tente pôr fim à sua própria inquietação, buscando um rumo novo para sua trajetória já marcada pela infância miserável, pelo abandono do pai e rejeição da mãe.

Recheado de situações corriqueiras, O bruxo desnuda a alma de uma personagem sensível, exibindo seu universo interior de dúvidas, expectativas e certezas. A complexidade de seus sentimentos mostra ao leitor um personagem profundamente vulnerável e solitário, porém esperançoso.

Trilhando ainda pelos caminhos do esoterismo e da astrologia, Maria Adelaide Amaral se firma como brilhante romancista com O bruxo, explorando a alma humana como ninguém.


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