| Magliani |


Arte pura!
Magliani se entrega de corpo e alma à arte, sem fingimentos hipócritas. Conhece um e outro, a fundo. Sua criação se insere num expressionismo sangrento, que choca e fere os desavisados e os sectários. Desconhecem os infelizes que uma coisa não invalida a outra, que, muito antes pelo contrário, soma e surge como arte inteira, íntegra e plena. Seus gestos são chicotadas, não em nossos lombos, mas em nossas faces, as cores, agressivas e gritantes, retratam um universo dramático. Há em sua obra segredos des/sacralizados, sonhos censuráveis, há dor e há desesperança. E ainda assim, ou por causa, há uma sensualidade apocalíptica!
Vejamos o que dela diz Chico Chaves:
Magliani é uma artista que se entrega totalmente ao seu trabalho, sem mentiras nem concessões. Sua obra se insere numa linha expressionista e visceral, que, atualmente, é vista com reservas por uma parcela da crítica e do mercado de arte, mais afeita à obra “limpa” e conceitual.
Estruturada na força do gesto largo e das cores audaciosas, a obra de Magliani se desenvolveu durante anos num universo de figuras deformadas, envoltas numa atmosfera dramática. Um mundo de sombras, desejos ocultos, dor e desespero.
Na sua nova exposição “Trabalho Manual”, a artista apresenta um conjunto de obras que vem desenvolvendo desde 2001, e que, embora bastante diferente de seu trabalho anterior, guarda com ele uma profunda coerência.
“Alfabeto” vem da série “Acumulações”, na qual Magliani reunia elementos do cotidiano explorando suas múltiplas possibilidades de forma. Criando pilhas de objetos, repetidos com pequenas variações, como bules, xícaras ou bolsas, a artista acentuava o excesso que caracteriza nossa sociedade consumista. Em “Alfabeto”, Magliani isola os traços dos objetos, acumula elementos decompostos, reduz o gesto, abandona a cor – cria uma escrita enigmática em preto e branco.
Isolamento e solidão são a chave para a compreensão desta nova fase da artista. “Retratos de Ninguém” e “ Todos”, são a rigor, uma mesma série. Nela, todas as figuras trágicas e sofridas de Magliani se rendem à impossibilidade de comunicação, elas se entregam, e se tornam uma multidão de rostos – sem corpo. São rostos anônimos, que não falam, não pensam e nem sequer sofrem. Rostos diferentes mas estranhamente iguais, pequenas ilhas de medo - retratos de ninguém.
Ao recortar os rostos, quase monocromáticos, Magliani acentua sua solidão e, chega a um extremo tão dolorido, que eles se tornam paralisados – apáticos. Todos apenas assistem à vida olhando para um mesmo ponto: para nós? para o nada ? ou para uma tela de TV?
Segundo Francis Bacon uma boa pintura deve ir do olho do espectador diretamente para o seu estômago, sem passar pelo cérebro, como um soco.
É o que faz, mais uma vez, a artista Maria Lídia Magliani.
Denise Mattar - 2004

Rio de Janeiro 2004


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