| Júlio Alves |

UM PERCURSO
Levantar e colocar pedra sobre pedra. Eis ai uma imagem positiva e convincente sobre a edificação de uma obra. Talvez uma obra de engenharia. Em arte, pode soar absurdo, mas nos parece que precisamos fazer exatamente o contrário. Tirar pedra sobre pedra sobre pedra até podermos andar livres, desapegados e abertos apenas à nossa sensibilidade e intuição.
Deixar-se abandonar, crer em si mesmo, aceitar o que se possui, seja ele pouco ou muito, pacato ou delirante, frívolo ou sério, parece ser a arte de fazer rolar as pedras ou tirar as máscaras e seguir. Seguir com o que se possui; saber de si próprio e acreditar.
Os desenhos de Julio Alves são, como todo desenho, a essência do artista. Julio vem apostando em suas mãos, deixando a elas a vez das decisões, ou antes, acreditando que sem mandá-las obedecerão ainda mais e com mais perfeição.
Quanto às imagens foram perdendo a nitidez, uma vez que foi abandonado o desejo de controle antes empreendido pelo contorno. A figura agora se meche solta pelo espaço da tela e muitas vezes perdem o foco ou desaparecem... deixe estar, há muito que sonhar com essas imagens. Julio vem dando autonomia as suas figuras e elas vão lhe roubando espaço, de modo que se apresentam antes mesmo das decisões, de um lugar anterior.
O processo que Julio Alves experimenta, e que agora apresenta da galeria Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa - Passarela Cultural, foi uma sucessão de passos onde a cada etapa foram descartadas posturas e ismos; e nesse caminho, feito de abandonos, foi restando algo cada vez mais imprescindível – imprescindível apenas a ele, ao Julio - e pouco classificável.
Não escolhemos exatamente o que somos e se agimos com naturalidade será pouco provável que possamos escolher qual artista seríamos. Desde que se acredite que expressamos o que possuímos não nos resta onde buscar narrativas além da nossas próprias experiências, incluindo entre ela a própria arte.
Nesta mostra temos a oportunidade de ver um artista ser inventado; por alguém além da sua vontade, mas dentro dele mesmo; um mistério como o desejo e um fruto por vezes - para o autor - tão estranho como um espelho.
Neste percurso parece não cessar o novo, pois uma vez que abrimos mão do controle, as águas parecem correr livres, sem obstáculos e de uma franqueza estonteante.
Israel Kislansky, São Paulo, Junho de 2012

Rio de Janeiro 2012


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