| José Antônio de Lima - Visibilidades |Fáneros e fáneras - amabilidades
©Alexandros Papadopoulos Evremidis*
Como é feita escultura em bronze? Barro sobre ferro (o demais são procedimentos).
Como é feito veleiro? Casco e vela.
Como é feito homem? Carne (matéria plástica) sobre estrutura calcária.
E como são feitas as criaturas de de Lima? Tecido e arame.
Temerário dizer, ainda que breve, à distância, mas também necessário e estimulante o desafio, que aceitei porque suas entidades me inquietaram. Sim, mais que criaturas, entes, entidades são - transcendem e se comportam como imateriais, fantasmagóricas egrégoras que, tendo resvalado para a fenomenologia, nos dizem do que ao mundo dos vivos escapa.
Bio e antropomórficos, são mutantes em mutação continuada, seres em constante vir-a-ser (sein - werden). São humanos, aves, aviões, ninfas (filhas de Proteu) a despontar, émbolos, barcos à vela a navegar o incógnito, anjos e demônios? Certo é que são dinâmicas e moventes e comoventes. Vivas, portanto. Abanam e acenam. Atraem e seduzem o olhar com sua canto ótico e cinético.
José Antônio não recria - criador original, cria e anima, sopra o sopro e elas, suas/nossas pneumáticas entidades, dançam a poesia da macabra dança da vida (e, claro, da morte).
Após percorrer-lhes a construtiva superfície planar e compenetrado penetrar-lhes a etérea essência, integrado e apaziguado, fui dormir com secreto e feliz pensamento na mente - há vida inteligente e há esperança. Na vida como na arte [de que aquela é (deveria ser) feita]. Buscando a primeira, a segunda nos cairá no colo. José Antônio ensina e por via das dúvidas assina.
Rio de Janeiro - 2006.
©Alexandros Papadopoulos Evremidis > escritor crítico > Email
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