DESENHOS 1964-2000 - Ivald Granato (Coleção Luis Osvaldo Pastore)
IVALD GRANATO - o enfant terrible das artes!

© Alexandros Papadopoulos Evremidis*


Olhe bem para essas figuras: Não é com armas - revólveres ou punhais - que ela foi criada, mas com pinceis, prontos para tanger e tingir toda e qualquer superfície em quietude e repouso ansioso, à espera de ser agredida, desorientada, perturbada, ferida mesmo, para finalmente ser reorganizada e recriada, coberta pelas delicadas, apaixonadas e apaixonantes carícias pictóricas dos pinceis ou dos lápis e dos seus arriscados riscos.

Essa figura ao lado é de Ivald Granato (quem não o conhece, não esteve no mundo nas quatro últimas décadas do século passado e no início do atual!). Nasceu em 1949 em Campos/RJ onde viveu até 66, ano em que estudou com Robert Newman. Em 67 ingressou na Escola de Belas Artes da UFRJ. Daí em diante ninguém mais segurou Ivald - ele caiu na vida e no mundo para se tornar a frase do título desta matéria - o enfant terrible. Sim porque nas últimas quatro décadas, Granato, em matéria de artes, desenvolveu o toque de Midas e tudo que ele tocou viu-se transformado em... ARTE - ele aprontou e produziu e inventou e criou proficua e incessantemente. Revolucionariamente!

Talvez fosse melhor dizer que ele pintou e bordou, modelou e moldou, esculpiu, lavou, passou e cozinhou - service complet! Usou todos os materiais - podia ser um reles toquinho de lápis de cera! - ao alcance de suas mãos com a mesma facilidade e competência e serviu-se de todas as técnicas e dos meios de expressão e comunicação com maestria, desenvoltura e conhecimento de causa. Fez dezenas de exposições individuais e participou de outras tantas coletivas, no Brasil e no mundo (cujos museus ostentam com orgulho suas obras!), sem falar em suas originalíssimas e heterodoxas performances ao vivo ou registradas em celulóide, fotografias, cerâmicas, esculturas, vídeos, etc. e tal e "o diabo a quadro", encantando os vanguardistas e os abertos de espírito ao sopro da renovação artística e escandalizando os conservadores e os estacionários - os puristas, ou melhor, os puritanos. Tudo, sempre, com muito humor, ironia fina e otimismo tropical e desvairado.

Às vezes tem-se a sensação de que Granato já nasceu artista, que ele tem a arte debaixo da pele de seu corpo e, mais, dentro das veias. Tanto assim que ele transforma e transfigura, recria e reinventa as mais cotidianas e prosaicas atividades e ocupações em arte maior. Por mais rotineiras, vulgares e destituídas de maior significação que sejam, Granato as desperta, as acaricia e lhes dá o tal sopro do criador! É onde entra seu lado poeta em ação. E a reação surge em obras de puro lirismo. É difícil dizer se ele é um artista performático ou um performer artístico. Para Granato seria lúdica redundância.

A expo que o Museu Nacional de Belas Artes exibe "Ivald Granato - DESENHOS 1964-2000", da Coleção Luis Osvaldo Pastore, é uma retrospectiva, o que é vantajoso para o apreciador, que assim pode acompanhar ano após ano toda a evolução do artista. Se bem que, como já insinuei antes, Granato já nasceu evoluído...

Rio de Janeiro 2001

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