| "Masseter Suíte", de Heleno Bernardi |
Chiclete - a arte do descarte!

Heleno Bernardi, uma das revelações da exposição coletiva Posição 2004, realizada no Parque Lage em julho de 2004, reúne em sua nova exposição, "Masseter Suíte", cinco trabalhos fotográficos com imagens de partes do corpo – braços, mãos, crânios - revestidas de pedaços de chiclete. São quatro imagens em grandes formatos e uma série de 49 múltiplos especialmente feita para a mostra.

“Bernardi intitulou todas as suas fotos com os nomes em latim dos músculos da mastigação. Masseter, Buccinator, Genioglossus e, bastante significativo, Temporalis, um músculo temporal. Os pseudomúsculos de chiclete substituem a verdadeira musculatura de um crânio, por exemplo, que tanto poderia ser um achado arqueológico quanto uma relíquia ou um objeto de cena”, escreve no folder da mostra a crítica Julia Brodauf, que assina artigos nos jornais alemães Berliner Morgenpost e Die Welt.

Heleno explica que apesar do suporte do trabalho ser fotografia, o processo escultórico de construção dos objetos e situações, através da mastigação, é parte fundamental e presente na experiência do confronto com a obra. Ele mastiga cerca de 400 gomas para produzir cada uma de suas peças. "O chiclete assume no trabalho um aspecto visceral. E assim, se associa também ao registro de tempo e à transformação pela qual o corpo passa durante e depois da vida. O que me interessa neste material, e em sua junção ao processo fotográfico, é a possibilidade de reflexão sobre os conceitos de transitoriedade e perenidade, além da construção de uma poética que se apresente com contundência plástica. A fotografia, como parte do método, completa e expande estas questões.", explica o artista.

Foi a partir da observação dos chicletes nas calçadas das ruas do Rio que Heleno descobriu o material que usaria em sua obra. "Ele é mastigado, todo o seu aroma, cor e sabor são extraídos e depois é cuspido. Torna-se objeto rejeitado, mas ainda permanece presente, sedimentado ao chão das cidades. Ele se recusa a ser descartável. Além disso, como o chiclete é uma borracha, já foi fóssil. E sua trajetória, desde sair de dentro da Terra até voltar para a superfície tendo o homem como agente, cria um complexo jogo de associações, que me nteressa", observa o artista, que faz relações entre vida e morte no trabalho.

Chicletes mastigados, manuseados e esticados se misturando a partes do corpo como o crânio podem causar uma impressão de horror. Para a crítica Julia Brodauf, “a caveira de Bernardi é assustadora em sua dimensão, mas não chega a ser aterrorizante. As caveiras sempre ostentam um sorriso, e a desta foto também sorri, bem-humorada em seus tons de rosa. Ao seu lado será colocado  um braço envolvido em uma luva de goma de mascar. Uma outra foto mostra a intensidade da vida, na força com que o chiclete é estirado. Não existe um mergulho melancólico na contemplação do tempo e da efemeridade. Bernardi associa a morte ao  crescimento, e até mesmo ao viço, ao químico e ao indestrutível.  Entretanto, a morte permanece, mascada, úmida e fibrosa: repugnante, mas de uma forma infantil e fascinante, que é muito engraçada”.

Sobre Heleno Bernardi:
Heleno Bernardi, 37 anos, é mineiro de Ouro Fino. Vive e trabalha no Rio de Janeiro há 19 anos. Iniciou seus estudos de desenho e pintura em Ouro Fino. Em 1985 transferiu-se para o Rio de Janeiro onde estudou Arquitetura na Universidade Federal do Rio de Janeiro e cursou a Escola de Artes Visuais do Parque Lage entre o final da década de 80 e o início da de 90.

Suas primeiras exposições individuais foram realizadas na Galeria Cândido Portinari (UERJ) e na Galeria Contemporânea em 1987 e 1989 respectivamente. Nestes espaços os trabalhos exibidos foram pinturas. No início dos anos 90 participou de exposições coletivas como Circulação do Acúmulo no Museu da República e Pintura de Cinco na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Em 1994 realizou mostras individuais na Galeria Bookmakers, no Rio de Janeiro e no CCSP em São Paulo.

Em 2003, realizou uma individual na Pinacoteca da Universidade de Viçosa, com as fotografias da série Masseter Suíte. Esta série de trabalhos foi capa da edição de outubro de 2003 da revista espanhola de arte Rojo e também foi exibida na Iguapop Gallery, em Barcelona, em fevereiro de 2004.

Heleno Bernardi participou ainda da Posição 2004, em julho deste ano na Escola de Artes Viuais do Parque Lage e está selecionado para o Projéteis de Arte Contemporânea da Funarte 2004-2005.Em 2005 esta série de trabalhos que compõe a exposição na Theodor Lindner Galeria de Arte também poderá ser vista na Swift Gallery em Los Angeles.


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