| Gabriel Centurion |
Gabriel Centurion: grafite na caverna de bits

Semionauta navegando num mar de dados sem início nem fim, Gabriel Centurion coleta signos e processos de formação de imagens relacionados às técnicas do grafite. O artista dá uma inflexão oriental à estética da street art, não só quando utiliza temas como Transformers, mas também na sua concepção do espaço. Seus trabalhos têm uma estética entre as gravuras japonesas e a colagem videográfica – um folheado visual de múltiplas camadas e diversos registros, criando uma espessura da imagem –, quando não são eles próprios vídeos. Curiosamente, a matriz de sua técnica serigráfica é, em geral, uma imagem virtual, accessada na internet, e grafitada na madeira ou na parede, com a ajuda de um projetor, numa espécie de inversão da câmera obscura renascentista ou de estêncil imaterial. Da rede para a parede ou o quadro, a imagem é decalcada com caneta de feltro e spay, numa paleta de tons cítricos e acrílicos misturados pelo próprio artista. A matriz utilizada, ironicamente, é já uma imagem reproduzida, de que ele se apropria. Mas para este grafiteiro da caverna kitsch de bits que é o mundo contemporâneo de imagens 3D e Realidade Virtual, o realismo fotográfico é desfeito numa aparência evanescente, fantasmática, sobre um fundo que escorre. Ele desfaz o simulacro hiper-realista – em que a imagem substitui a realidade dentro da própria realidade –, numa hiper-desrealização que a fragmenta e mutila. Sintoma do mundo da sobrecultura e cada vez mais digitalizado, que tudo pode conter, mas de onde também tudo pode desaparecer, seu trabalho concebe o espaço como veículo, volátil e líquido, do que só dura o tempo atual. Da inscrição veloz, que diminui o risco em locais proibidos, e sobre diferente superfícies, periga surgir, ao invés da imagem que o mundo contemporâneo faz de si mesmo, a que ele de fato projeta. Ursinhos Pooh, coelhinhos e personagens anímicos infantis irrompem, perversos, num ato falho dos olhos, encapuzados, em meio a amarrações sadomasô japonesas, numa revelação anamórfica do fetiche, energia renovável que corre por baixo da cultura mundializada do capitalismo global.

Fernando Gerheim

Rio de Janeiro 2011


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