| Gabriela Gusmão |
Com curadoria de Luiz Camillo Osorio, a mostra é composta por vídeos silenciosos de uma hora de duração cada, filmados em quadros fixos, sem edição.
A exposição Vírgula no Infinito aborda a relação da sociedade contemporânea com a dimensão temporal. A duração distendida das obras gera para o público a possibilidade de entrar em contato com os limites de nossos sentidos na percepção de sutis variações de luz e movimento. Os longos instantes de uma hora, em quadros fixos, convidam a uma experiência de testemunho e contemplação de duração indefinida, respeitando a disponibilidade do espectador. O objetivo é provocar a reflexão sobre as expectativas de cada um em relação ao tempo de cada imagem.
Vírgula no Infinito é resultado de três semanas de residência, em fevereiro de 2011, na Fundação Rockfeller, em Bellagio, na Itália, onde Gusmão produziu 24 filmes, numa rotina diária de no mínimo 1h de filmagem. Foi no período em que permaneceu no local, convivendo com pessoas das mais diversas áreas de interesse e nacionalidades, que a artista desenvolveu o projeto “Our Hours, 24 Hours Stillness”. A ideia central – que atravessa o tempo silencioso e que se sucede nos planos de longa duração e em tempo real – encontra ressonância na “Dialética da Duração”, na qual o filósofo francês Gaston Bachelard sugere que devemos confiar em ritmos, em sistemas de instantes.
- A visão de imagens com duração distendida ao longo de uma hora conecta-se com sua afirmação de que sem harmonia, sem dialética regulada, sem ritmo, nenhuma vida, nenhum pensamento pode ser estável e seguro: o repouso é uma vibração feliz, analisa a artista.
A obra que dá título à exposição, Vírgula no Infinito, é uma videoinstalação circular, em cujo centro assiste-se a 12 monitores diferentes com imagens filmadas em quadros fixos, sem cortes ou edição. O trabalho faz parte de uma série de 24 vídeos silenciosos, 12 diurnos e 12 noturnos, todos de longa duração (uma hora cada). Para Gabriela, "é o repouso das horas numa grande roda que se refere indiretamente ao relógio, objeto que nos ilude e rege arbitrariamente o planejamento de nossas vidas".
O principal tema dos vídeos selecionados para esta exposição é a natureza, com filmes do vento balançando os ciprestes até o anoitecer; mostrando o escurecimento de uma maçã cortada e um barco ancorado, que flutua ao ritmo da maré. Escolhido para abrir a exposição, o vídeo “Repouso é uma vibração feliz” mostra a frase-título gravada num palito de picolé, colocado dentro de uma garrafa no lago de Como. Com 2m45’ de duração, filmado com duas câmeras, editado e com som, este filme é a síntese do trabalho, cuja intenção é fazer um contraponto sobre a passagem do tempo.
É artista visual e autora do projeto multimídia “Rua dos Inventos”: livro bilingue e exposição individual no Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro (2002), que depois passou pelo MAM, da Bahia; Centro Cultural Dragão do Mar, em Fortaleza; Centro Cultural dos Correios de São Paulo e de Brasília; além da Petite Galerie da Universidade Paris 8 (Sorbonne)
Mestre em Arquitetura pela FAUU-USP, Gabriela Gusmão é professora do Departamento de Artes e Design na PUC-Rio, onde se formou.

Rio de Janeiro 2001


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