Fábio Cardoso

As obras da mostra "Pas Toi" são um desdobramento da pesquisa desenvolvida pelo artista desde 2002, quando participou da Bienal de São Paulo. Desde então, em um processo elaborado, ele “imprime” na superfície da tela coberta de tinta objetos ou até mesmo o chassi que estrutura o tecido. Usando tempos variados para manter o objeto sobre a tinta – quanto mais tempo, mais impregnada de tinta fica a superfície –, e usando como solvente aguarrás, Fábio Cardoso faz uma pintura sem pincel, em que comenta o próprio fazer artístico. Ele prefere chamar seu processo de “fotografia” ao invés de “impressão”, já que a fotografia é uma impressão feita a partir da luz.

Na série “Pas Toi” (“você não”, em uma livre tradução do francês), ele usou apenas a cor preta – “só a tinta preta é de verdade, as outras são para colorir” –, mas envolveu as telas em uma cápsula de acrílico colorido. Ele quis, dessa vez, usar ”uma veladura, dando cor e volume ao trabalho”. “Uma experiência presa dentro de um âmbar, como aqueles insetos”, explica. O acrílico foi feito especialmente para cada trabalho, obedecendo a especificações de cor e espessura determinadas previamente pelo artista. Os trabalhos mostrados na Lurixs têm dimensões variadas: 0,80m x 0,70m; 1,20m x 0,70m; 1,60m x 1,40m; e 1,80m x 1,50m.

Nas telas estão objetos do dia-a-dia do ateliê do artista, como pincéis velhos, martelos, tesouras, pedaços de madeira, cordões, correntes – “utilizei tudo o que apareceu por lá”, conta. “São extensões da mão, apesar de eu mal tocar o trabalho. Fico só derramando tinta e fazendo sujeira”, ironiza.

A cobertura de acrílico dá uma sensação de que os objetos estão imersos em uma massa líquida. “Os objetos estão apenas sugeridos, fazem um esforço para não significarem nada. A pintura não é abstrata, não é figurativa. É o olho que organiza”. O “Pas Toi”, então, está mais para “não-você”.

Enquanto se dedicava ao trabalho, ele conta que pensou em várias coisas, “como o poema ‘Charm’, de Emily Dickinson (1830 – 1886), que fala sobre uma mulher com um véu; a sequência de ‘O Aprendiz de Feiticeiro’ em que Mickey anima os utensílios para que façam sozinhos a limpeza (“Fantasia”, de Walt Disney, 1940); Vermeer (o pintor holandês Johannes Vermeer, 1632 – 1675); os âmbares e seus insetos; e em amuletos, os patuás”.

Rio de Janeiro 2009


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