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"Revolta dos Anjos" by Diva Pavesi
O Drama da Paixão

©Alexandros Papadopoulos Evremidis*

“Revolta dos Anjos”, posso dizer sem tergiversar, já nasceu clássico, em sua categoria de alerta e farol, aviso aos navegantes, quero dizer, aos governantes, e é regido pelo binômio Denúncia e Superação. Com a tal luz no fim do túnel de outro binômio chamado "Educação e Cultura", sem as quais todo esforço terá sido vão, estéril falácia, onanismo.

No item Denúncia, ele denuncia o arcaico e ainda escravocrata sistema deste país, teocrático e absolutista, que, a despeito e à revelia de seu admirável Contrato Social (letra morta), mantém, de modo mascarado, a base da pirâmide - os des...camisados, os des...terrados e os des...tetados, os favelados, os des...providos de tudo, enfim -, à base de pão e água. Como se assim quisesse garantir o intérmino suprimento de empregadas domésticas, babás, prostitutas, barata mão-de-obra aviltada - tudo e todos domesticados, submissa e amorfa massa de manobra. Uns e outros se revoltam e, legal e ilegalmente, inclusive com risco de vida, "fogem", emigram para os países do primeiros mundo, em busca de destino melhor, situação em que vivem o honesto humano dilema: Odiar o país de destino e usá-lo predatoriamente apenas como fonte de ganhar dinheiro, ainda que executando trabalhos subalternos, rejeitados pelos cidadãos "de bem", ou, pior, degradados travestidos e prostituídos que abastecem os bordéis e as avenidas das estrangeiras megalópoles, e retornar à pátria amada, idolatrada, salve, salve, mãe gentil, que, na realidade, os tratou como madrasta, para viver feliz sua infeliz velhice?! Ou abjurar a mãemadrasta e adotar e amar o país que, por bem ou por mal, os acolheu e lhes deu os meios e as ferramentas necessárias para a realização com dignidade dos justos anseios de sua natureza?!

Já no item Superação, ele relata a, apesar de tudo e de todos, superação dos obstáculos e das adversidades de toda sorte, na verdade, azar: do berço, da família, dos preconceitos de raça, do sexo, do gênero, do machismo, da estupro e da violência, dos sociológicos, dos econômicos... e aponta o caminho, mola-mestra de toda superação - a educação. Sim, de fato, o livro pontifica o já por todos sabido - a beleza física é frágil é efêmera; a educação, estofo intelectual, uma vez incorporada e metabolizada, ninguém mais tira, nem mesmo o implacável e irrecorrível tempo. Pelo muito ao contrário: mais vida, mais educação, mais cultura - tudo continuado e aperfeiçoado. E tudo sinaliza que foi essa a heróica trajetória da autora, de rara e perversamente cobiçada beleza na juventude, mas que, embora ainda detentora de beleza na maturidade, conseguiu se blindar com a mais valia da educação e da cultura, com enorme sacrifício adquiridos, e que agora na forma deste livro lhe permite assinalar caminhos a serem percorridos por todos quantos sofrem no corpo e na alma os horrores da discriminação, seja esta do matiz que for.

Tendo dito da mensagem, cabe também destacar o meio: para um tema dramático e candente, e entremeado de escabrosas ocorrências, a autora soube fugir às sedutoras armadilhas do fácil apelo à histeria da emotividade, e encontrar em seu dizer o leito sereno do distanciado relato, linear no todo, mas entrecortado por oportunas retroativas reminiscências, estilo que lhe confere saborosos surpresa e estranhamento, leitura de tirar o fôlego, de chorar, mas também de fazer rir. É um livro de presença obrigatória nas ausentes ou improvisadas bibliotecas da base da pirâmide, nas favelas e nos guetos, para que todos os seus oprimidos se vejam, se reconheçam, se identifiquem e identifiquem o caminho da luz. Mas é, e até mais, também obrigatório que alcance as classes média e alta, as elites do saber e das fortunas acumuladas, e, sobretudo, os governantes deste rico país em pobreza e miséria, para que se confrontem com o vergonhoso tratamento dispensado às bases, só lembradas como "bases eleitorais", ou seja, eleitoreiras. Hendrika, certamente, alter ego da autora, luminoso personagem dorsal do relato e estrela-guia, é o retrato em carne viva desta sociedade injusta e obscurantista, e de suas fraturas, agora, uma vez mais, inequivocamente, expostas. A vida como ela é e como ela poderia, melhor, como deveria ser!

Rio de Janeiro 2008

©Alexandros Papadopoulos Evremidis > escritor crítico > Email


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