"Tomorrow is a long place", de Daniel Blaufuks
A poética da fotografia!
Nascido em Lisboa, Portugal, Daniel Blaufuks é fotógrafo, cineasta e professor. Depois de um percurso inicial no fotojornalismo, quando trabalhou para o semanário O Independente, foi fundador da escola Maumaus, em Lisboa, professor da Escola de Arte Contemporânea da Ar.Co. e ETIC. Entre suas exposições mais recentes vale destacar: na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa; no Palazzo de Pappesse, em Siena; na Galeria Elga Wimmer, em Nova Iorque; na Photoespaña, em Madri. Seu documentário Sob céus estranhos, acerca dos refugiados judeus em Lisboa durante a Segunda Guerra Mundial, acaba de ser apresentado em festivais em Nova Iorque, Toronto, Montreal, Berlim e Madri.
Para o crítico Sérgio Mah, Blaufuks “protagoniza uma fotografia extremamente personalizada, tanto no que respeita aos momentos e condições da captação fotográfica como às possibilidades e experiências decorrentes do processamento e impressão fotográfica, configurando uma visualidade que, entre outros traços, se define na tensão entre o registro livre (e aparentemente sem método) e uma forte expressividade estética – que não deve ser entendida como mera investigação formalista, mas sim como meio suscetível de resgatar (fotogenicamente) do cotidiano vivencial a memória de uma significância emocional e poética despertada pelas circunstâncias dos lugares, na interação com as pessoas e com os objetos e situações que encontra.
O artista, segundo o crítico, circula por vários gêneros e categorias fotográficas, combinando “uma linguagem fotográfica de evidentes ressonâncias simbólicas e ficcionais, onde sobressaem as imagens densas de tonalidade escuras e cores saturadas”. Num primeiro momento, Blaufuks privilegiou a fotografia a preto e branco de pequeno formato. Contudo, de acordo com Sérgio Mah, “a partir de 1994, assiste-se a uma evidente expansão nos seus processos de trabalho (polaroids, livros que misturam imagem e texto, vídeo, película, processos digitais, etc). De forma clara, Blaufuks tem inflectido para uma cultura contemporânea de fotografia em que esta já não é entendida como uma disciplina enformada por uma específica processualidade técnica, mas como um vasto campo de negociação de múltiplas modalidades e dispositivos de imagem”.
Rio de Janeiro 2004.
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