| Carlos Zilio |

De 1966 a 1976, o trabalho de Carlos Zilio era voltado para a nova figuração, para a arte conceitual, e fortemente refletia sua preocupação com a questão política. Um afastamento propiciado por uma residência em Paris, onde concluiu o doutorado em artes plásticas, marcou a decisão de priorizar a pintura. “Faço uma pintura sobre a pintura”, diz Zilio, que gosta de “dialogar” com os problemas e questões colocadas por pintores ao longo da história. Curiosamente ele não se considera alguém com “um estilo”, já que justamente essa falta de estilo mostra seu propósito, de um questionamento permanente da própria pintura.

O texto crítico é de Paulo Venancio Filho, que observa que Carlos Zílio – ¬que completa este ano 30 anos de opção pela pintura¬ –, depois de uma trajetória em que dialogou com mestres da história da arte, como Cézanne e Matisse, passa agora a comentar seu próprio trabalho, realizado ao longo deste período.

“O artista que vinha desenhando círculos, pintando círculos, tinha que, em algum momento, voltar e reencontrar o início. De tal forma que o círculo no espaço levou a um círculo no tempo, desenhou a sua própria história, sem mesmo ser, creio, um movimento deliberado do pintor, mas das possibilidades da pintura ao final do século XX que foram enfrentadas em sua trajetória”, escreve Paulo Venancio no folder que acompanha a exposição.

De sorriso contido, mas constante, é inegável o humor, a ironia, que Zílio transpõe para suas telas. Ao desenhar uma de suas famosas “banhistas” – círculos fechados que surgiram em 2005, batizados dessa maneira pelo próprio artista, em alusão Cézanne ¬– escorreu um pouco de tinta na tela branca. Em vez de corrigir o acidente com nova camada de tinta, Zilio se lembrou da tela “La Pisseuse”, feita por Picasso em 1965, e deixou ali o rastro de pingos, batizando o trabalho com o mesmo nome.

VOLTA SOBRE SI MESMO

São várias as evidências dessa volta do trabalho sobre si mesmo, como na tela “Rubens on the beach II”, em alusão a outra com o mesmo nome de 1978, e “Quem tem medo de verde, amarelo, azul e branco e de “Barnett Newman n°3”, uma retomada de duas obras, também com o mesmo titulo realizadas em 1981.

Intencionalmente ou não, é marcante e vibrante a reflexão do artista sobre seu próprio trabalho. Zilio conta que está recorrendo ao seu “acervo pessoal, a sua memória”. “Os trabalhos estão começando a se fechar em si mesmos, se voltando para temas de trabalhos passados, como dos anos 1970. São uma ida ao passado, um resgate”, reflete. Mais um exemplo disso foi verificar semelhanças em telas recentes (“Memória", 2006) com algumas antigas, como “Auto-retrato” (1973).

“A pintura permite com muita força a passagem entre o passado e o presente. Ao longo do trabalho você vai enfrentando determinados problemas e referências, vai enfrentando essas questões e dialogando com elas”, ressalta.

Rio de Janeiro - 2008


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