| Antoni Tàpies | Pintura, gravura e gráfica |

Esta é primeira mostra individual de Antoni TÀPIES (Barcelona, 1923-) no Brasil. Considerado o mais importante pintor espanhol vivo, ele exibe 100 pinturas, gravuras e pôsteres, abrangendo três décadas de sua carreira.

As 21 pinturas matéricas e assemblages de grandes formatos desta mostra, datadas de 1971 a 2002, ilustram a extraordinária utilização de materiais e texturas de que o artista se vale para representar e transmitir suas convicções intelectuais e políticas, enraizadas na história da sua Catalunha natal.

Expoente internacional da chamada pintura matérica (densas camadas de tinta que produzem um efeito de relevo definido), Tàpies desenvolveu uma expressão dramática e plena de vitalidade. Embora seu trabalho remeta a tendências informalistas dos anos 50, ele procurou fugir dos excessos do abstrato, através da busca intensa por algo mais concreto, alcançando estilo único na história da arte do pós-guerra.

A mostra inclui ainda 54 gravuras originais, 19 pôsteres e o vídeodocumentário "Alfabet Tàpies", realizado em 2003, sobre Tàpies, sua obra e o processo de criação.

Pintura e signos
Entre os numerosos signos do universo da sua pintura, a cruz é o mais recorrente e fundamental para a compreensão do conjunto de seus trabalhos.

Os grafites populares urbanos também interessam Tàpies. O escritor argentino Julio Cortázar fez um supreendente paralelo entre as suas telas e os muros grafitados, para o qual criou a expressão "muro-pintura e pintura-muro". Da mesma forma, as caligrafias asiáticas impressionaram o artista, desde a sua juventude, pelo poder mágico de exprimir conteúdos.

O pintor espanhol discutiu com profundidade as questões intrínsecas da criação artística e seu papel social. Ele concebe a arte como território para a liberdade. Sua pintura é a expressão desta liberdade, mesmo durante a ditadura de Franco (1936 a 1975) - "liberdade frente ao medo de liberdade", dizia Tàpies.

Ele não descarta a interpretação política de parte da sua obra. Até a morte do ditador em 1975, algumas telas transmitem sofrimento humano e opressão, que podem ser atribuídos às injustiças cometidas contra o povo catalão, que estava enclausurado dentro do seu próprio país, sem direito sequer a passaporte.

Tàpies no mundo
Foi o poeta e diplomata brasileiro João Cabral de Melo Neto, que serviu em Barcelona, que apresentou-lhe livros "mais de esquerda", em um encontro em Paris, quando Tàpies ganhou bolsa de estudos do governo francês em 1950. Os livros marxistas eram proibidos na Espanha.

Em 1953, na segunda edição da Bienal Internacional de São Paulo, a pintura "Ásia", de Tàpies - que hoje pertence ao acervo do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP), ganhou o prêmio aquisição, entre uma constelação de consagrados como Mondrian, Paul Klee, Kokoschka, James Ensor, Munch, Henry Moore, Alexander Calder, que participaram daquela bienal, para a qual o MoMA de Nova York, emprestou 'Guernica" de Picasso.

Ainda jovem, seu trabalho ganhou o mundo. Participou da Bienal de Veneza de 1952. No ano seguinte, enquanto suas pinturas se destacavam na Bienal de SP, Tàpies teve sua primeira individual em Nova York (Martha Jackson Gallery). Esteve em várias edições da Documenta de Kassel, Alemanha, e da Bienal de Veneza de 1954 e na de 1993, quando ganhou o Leão de Ouro. Em 54 anos de carreira, tem inúmeras mostras na Europa e nos Estados Unidos, incluindo mais de 20 retrospectivas nos EUA, no Japão, em vários países europeus, sendo a mais recente, no Museu de Arte Contemporânea de Barcelona, em 2004.

Formação artística
Nascido em Barcelona, em 1923, Antoni Tàpies é autodidata como pintor. Embora desde muito jovem demonstrasse interesse pela arte, foi estimulado pela família a estudar Direito. Aos 18 anos, passou dois anos de cama, em razão de uma lesão pulmonar, e foi através de seu médico, um amigo íntimo de Picasso, que conheceu o artista em Paris tempos depois.

Começou a estudar a arte moderna através de livros e revistas catalães do início dos anos 30, durante o período republicano. Em 1946, alugou seu primeiro ateliê em Barcelona e passou a dedicar-se à arte. Nessa época, uniu forças com a vanguarda catalã contra a censura do regime fascista de Franco.

Este círculo de artistas e escritores foi imensamente incentivado por Joan Prats, um defensor das tradições catalães, intelectual e colecionador de arte moderna, que apresentou a Tàpies a literatura surrealista de André Breton e o pintor Juan Miró - de quem se tornou amigo para o resto da vida.

Quando, em 1950, Tàpies foi para Paris, encontrou um grupo de pintores, cuja produção começava a ser clasificada como arte informal. A obra de Tàpies era freqüentemente comparada ao trabalho desses artistas, pela expressividade dos materiais e pelo uso comum do automatismo.

Em 1953, a obra de Tàpies ganhou um caráter mais expressivo, resultando no que se chamou em 1954 de pintura matérica. Tàpies usava o látex como agente de ligação e combinava pigmentos secos, areia, pó de mármore, entre outras substâncias, para criar suas telas.

Tàpies, 81 anos, continua a aceitar desafios em sua produção e mantém o sentido de metamorfose. É nos trabalhos das três últimas décadas que se pode testemunhar o senso peculiar de espaço, o poder de sugestão e uma qualidade extraordinária do precursor do informalismo europeu.

Rio de Janeiro 2005


Para adquirir obras de arte, basta enviar Email - será encaminhado ao próprio artista ou ao seu galerista/marchand.

Artista, Escritor e +: ASSINE o RIOART e mostre suas criações aos qualificados leitores do Jornal e da Newsletter/InformArt enviada p/ jornalistas, galeristas, marchands, colecionadores, arquitetos, decoradores, críticos, editores, livreiros, leitores, produtores culturais, aficionados e afins: Email + 21 2275-8563 + 9208-6225


©Alexandros Papadopoulos Evremidis = escritor crítico > Email
Retornar ao Portal