"DIVERTIMENTOS (TRABALHOS...) RECENTES", de Antônio Henrique Amaral.
"Trabalho assim, também quero!"

©Alexandros Papadopoulos Evremidis*

Ao bater os olhos no primeiro quadro, fico vertiginado! É uma festa de cor, de planos, de distribuição e ocupação espacial, de volume e textura, de perspectiva. "Mas o que são essas figurinhas! Hieróglifos? Terei que recorrer a Champolion para entender?"

Numa segunda leitura, as figurinhas parecem exército de minúsculos homenzinhos - todos iguais e a um tempo únicos e personalizados; as leituras se sucedem e surgem falos esporrantes, espermátides seminando o cosmos, peixes abissais, macroscópicos protozoários? ETs? Tanques de guerra, aviões em formação cuspindo fogo e deixando um rastro de fumaça? Garatujas, dirá Antônio em segundos.

Em qualquer dos casos, salta aos olhos que as misteriosas figuras avançam, na água, no éter ou no plasma, ora na diagonal ora para o centro ovular, mas intrinsecamente organizadas, em direção a um objetivo que não aparece mas pode ser conjeturado pela sensibilidade do admirador. A combinação dos elementos não podia servir de maneira mais feliz ao próposito (que há para nós mas não para AHA).

O que mais impressiona, entretanto, é a ilusão de movimento, a dinâmica e a urgência incontroláveis, o que faz com que as figurinhas adquiram status de alto-relevo, querendo saltar do papel.

Examino, então, os outros trabalhos - variações do tema. "Não há tema, diz Antônio Henrique divertido e morre de rir por eu ter entrevisto exércitos de espermatozóides marchando para a conquista do óvulo. E insiste que tampouco há sentidos ocultos ou secretos, nada para interpretar, apenas pinceladas de tinta, cores e só! "Afinal arte é isso, não precisa de explicações, basta olhar e sentir." Não me dou por convencido e não vejo nada de errado em querer interpretar a obra de arte, como aliás tudo na existência. Que é o que fazemos o tempo todo. Há séculos, estudiosos fixam o olhar no olhar da "Signora Elizabeta Giocondo" e bebem o sorriso de seus lábios, ansiosos por desvendar-lhe a significação, que Leo levou para a esfera do limbo. O erro não é querer interpretações, o erro é pedi-las ao artista (que, como AHA, frequentemente as desconhece). Não será mais vantajoso, e artístico!, latu sensu, seguir a lição do mestre e se dar ao DIVERTIMENTO-TRABALHO de liberar a fantasia e, com sensibilidade, fazer suas próprias descobertas!?

Rio de Janeiro 2001

©Alexandros Papadopoulos Evremidis > escritor crítico > Email


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