Andy Warhol: Screen Test

Esta exposição - dividindo o segundo andar do MAM com Arte Brasileira Hoje - apresenta 12 trabalhos selecionados e restaurados da coleção do MoMA num total de aproximadamente 500 retratos/filmes feitos por Andy Warhol entre 1964 e 1966, no período em que o artista realiza sua revolucionária visão sobre celebridades. Usando uma câmara parada, Warhol manipulava luz e sombras de modo inventivo para captar a aparência, estilo, personalidade e o comportamento dos famosos que visitam seu estúdio, a “Factory”. Em cada “film portait” os retratados – incluindo “Baby” Jane Holzer, Cass Elliott, Dennis Hopper, Gerard Malanga, Beverly Grant, Edie Sedgwick, Susan Sontag e Salvador Dali – estão sentados, instruídos para não se moverem e são filmados, quase sempre, bem de perto.

Normalmente, cada segundo de filme é composto por vinte e quatro frames. Mas Warhol executa seus “film portait” com uma velocidade de 16 frames por segundo, com projeção silenciosa. O resultado é um estranho fluxo em termos de velocidade e ritmo que contrastam com a dureza da luz e a audácia dos close-ups do rosto e dos cabelos.

Transferido do formato 16mm para DVD com a finalidade de exibí-los em Galerias e Museus, estes trabalhos são influentes e inovadores tanto no campo da fotografia quanto no dos filmes, reinventando o retrato tradicional por meio desta simples operação.


Arte Brasileira Hoje

Esta exposição contará com os trabalhos de Adriana Varejão, Afonso Tostes, Alair Gomes, Albano Afonso, Ana Vitória Mussi, Arjan, Barrão, Beatriz Milhazes, Brígida Baltar, Caetano de Almeida, Caren Lambrechst, Claudia Andujar, Cristina Canalle, Daniel Acosta, Delson Uchoa, Denise Gadelha, Divíno Sobral, Edgard Souza, Efrain Almeida, Eliane Duarte, Fernanda Gomes, Fernando Lopes, Franklin Cassaro, Frida Baranek, Gervane de Paula, Iran do Espírito Santo, Ivan Cardoso, Ivens Machado, Jac Leirner, Jacson Ribeiro, Janaina Tschpe, Jarbas Lopes, José Bechara, Laura Lima, Leda Catunda, Lia Mena Barreto, Lina Kin, Loris Machado, Luís Zerbini, Marcelo Solá, Márcia X, Márcio Botner, Marco Terra Nova, Marcos Cardoso, Marcos Chaves, Marga Puntel, Matheus Rocha Pitta, Oriana Duarte, Paiva Brasil, Paula Gabriela, Paulo Climachauska, Paulo Greuel, Paulo Meira, Pitágoras, Raul Mourão, Rodrigo Matheus, Ronaldo Rego Macedo, Sandra Cinto, Sérjio Romagnolo, Teresa Simões, Thiago Rocha Pitta, Carlos Vergara, Vicente de Mello, Vinícius Horta, Walter Goldfarb e Wilson Piran, entre outros.

Histórico da Coleção Gilberto Chateaubriand

Cedida em comodato para o Museu de Arte do Rio de Janeiro, desde 1993, a Coleção Gilberto Chateaubriand é seguramente o panorama mais completo da produção artística brasileira, do modernismo à contemporaneidade. Suas quase 6000 obras constituem a maior coleção particular do país e temos o privilégio tê-la sob nossa guarda para difundi-la como um patrimônio inestimável da cidade do Rio de Janeiro e do Brasil. Sua abrangência vem permitindo ao MAM inúmeras possibilidades curatoriais motivadas por diferentes recortes de seu conjunto. A mostra Arte Brasileira Hoje é mais um deles, concebido para destacar os High Lights, de nossa contemporaneidade adquiridos nas duas últimas décadas.

As primeiras manifestações da arte contemporânea brasileira ocorreram na passagem da década de 50 para a de 60. Duas ações performáticas de Flávio de Carvalho, a Experiência nº 2 e a Experiência nº 3, realizadas em 1931 e em 1956; os Bichos de Lygia Clark (1960); os Núcleos e primeiros Penetráveis de Hélio Oiticica (1960); e as experiências de Lygia Pape, podem ser tomados como emblemas do nascimento da definitiva sincronização do país em relação às questões propostas pela arte ocidental.

Por que esse fenômeno foi ocorrer no momento exato da passagem, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa, da tradição modernista, centrada na pesquisa e invenção formais, para a contemporaneidade, que volta a trazer para o foco da arte o ícone e a narrativa, introduzindo pela primeira vez nesse campo a temporalidade como fluxo ou processo (a experiência, a apropriação, e com elas, a aproximação entre arte e vida)?

A resposta provavelmente está na experiência condensada, mas radical, das vanguardas abstracionistas que floresceram no país, no pós-guerra, entre 1948 e 1960. Tal como o de outros países Latino-americanos, o Modernismo brasileiro havia se desenvolvido desde o começo do século passado em torno do compromisso com temas e questões sociais da vida nacional, em detrimento da investigação plástico-formal que então movia as vanguardas européias do mesmo período. Será somente com a emergência da arte Concreta e Abstrata, por volta de 1949, que os artistas brasileiros passaram a investigar prioritariamente, e em várias direções, as possibilidades expressivas e poéticas da matéria e dos materiais, do espaço, da cor, da forma, do plano, do volume e da linha.

Ainda que consideremos a forte especificidade, tanto de repertório quanto de método, da produção visual brasileira, podemos observar que nos últimos 45 anos ela configura uma rede inteligível de obras e de ações contemporâneas que poderiam ser inscritas e, em alguns casos já se inscrevem, no debate internacional.

Se ruptura havia sido a palavra chave para exprimir a busca radical do novo empreendida pelo modernismo, transbordamento talvez seja uma melhor designação para o que ocorreu ao longo das últimas quatro décadas com a produção contemporânea. Sem revogar os meios usados tradicionalmente, a arte das últimas décadas ampliou seu campo de ação para dentro do limite de outras artes e para o uso de suportes e materiais de todo o tipo, aproximando-se radicalmente da vida. Experimentada de modo próprio pelos artistas brasileiros essa transmutação configurou uma história local que referencia, ao lado de influências internacionais, repertórios que estão na origem da plural produção contemporânea do país.

Texto de Fernando Cocchiarale e Franz Manata - Curadores da Exposição e do MAM

Modernismo: Os Primeiro Anos Coleção Gilberto Chateaubriand

Esta exposição mostrará um vasto painel da Arte Moderna no Brasil representada em todas suas décadas e seus artistas mais influentes. Neste primeiro período estarão presentes artistas como Alberto da Veiga Guignard, Anitta Malfatti, Antonio Gomide, Bruno Giorgi, Cândido Portinari, Cícero Dias, Emeric Marcier, Emiliano Di Cavalcanti, Flávio de Carvalho, Ismael Nery, John Graz, José Pancetti, Lasar Segall, Maria Helena Vieira da Silva, Maria Leontina, Maria Martins, Milton Dacosta, Oswaldo Goeldi, Quirino Campofiorito, Tarsila do Amaral, Vicente do Rego Monteiro e Victor Brecheret, entre outros.

Modernismo: Os primeiros anos

Texto de Fernando Cocchiarale

Tal qual em outros países da América latina, o começo da Arte Moderna no Brasil, na segunda década do século, foi marcado não somente pelo confronto com as vertentes acadêmicas, como pelas restrições à sua própria expansão impostas por uma realidade sócio-econômica paradoxal: se por um lado as grandes cidades, sobretudo o Rio de Janeiro e São Paulo, viviam um cotidiano moderno, propiciado pela industrialização nascente, por outro, a articulação orgânica dessas metrópoles com uma economia então predominantemente agro-exportadora, socialmente retrógrada e da qual dependiam, conspirava contra a implantação generalizada do capitalismo que nelas se anunciava.

Trançada com alguns fios de modernidade e as amarras de uma estrutura arcaica, essa contradição histórica já colocava para os intelectuais e artistas da época problemas urgentes, extra-artísticos, sobre os quais tinham que se pronunciar: qual a relação entre as questões universais nascidas no terreno moderno da cidade e as nacionais, germinadas há séculos no solo conservador do latifúndio e da monocultura? Como articulá-las em um projeto cultural moderno que criticando obstáculos sociais profundamente enraizados no passado mantivesse suas tradições?

Em maio de 1928, o poeta e escritor Oswald de Andrade lançou em São Paulo o Manifesto Antropófago, publicado no primeiro número da Revista de Antropofagia. Foi esta talvez a única contribuição marcante dos primórdios do modernismo para o desenvolvimento futuro da arte brasileira.

Todo o desenvolvimento da arte brasileira, até o surgimento das vertentes abstracionistas na passagem dos anos 40 para os 50, continuou sobredeterminado pela discussão dos fundamentos nacionais da modernidade. Ao longo daqueles 30 anos a produção cultural do país gravitou em torno de questões essencialmente ideológicas, como a brasilidade e o regionalismo.

Não seria impróprio dizer que a politização e a conseqüente desestetização do debate sobre a arte brasileira foi um fator que adiou, até o final da década de 40, a invenção formal e a pesquisa de linguagem que caracterizam as vanguardas posto que estas deveriam florescer sobretudo no campo específico da arte, e não estritamente no território deslocado do discurso social.

Aspectos da Coleção

Abstracionismo geométrico e informal

Este período será representado, entre outros, pelos artistas Abraham Palatinik, Aluisio Carvão, Amílcar de Castro, Anna Bella Geiger, Antonio Bandeira, Fayga Ostrower, Franz Weissmann, Hélio Oiticica, Hércules Barsotti, Lothar Charoux, Luis Sacilotto, Lygia Clark, Manabu Mabe, Maria Helena Vieira da Silva, Maria Leontina, Mário Silésio e Milton Dacosta.

Aspectos da Coleção 1950

Texto de Fernando Cocchiarale

Em 1910 o pintor russo Wassily Kandinsky produziu a primeira pintura abstracionista da história da arte. Formada por manchas de cor e por grafismos livres, a pequena e solitária aquarela de Kandinsky iria deflagrar a mais importante revolução no campo da arte desde a representação (mímesis) greco-romano-renascentista.

Sob o rótulo do Abstracionismo coexistiram, desde então, diversos movimentos cujo denominador comum residia unicamente na defesa de uma plástica não figurativa. Ainda assim podemos agrupá-los em duas grandes vertentes sob quais se desenvolveram todos os abstracionismos desde seu nascimento, em 1910, até seu esgotamento histórico, na passagem das décadas de 50 para a de 60: as vertentes geométrico-construtiva (1) e a informal (2).

Estas vertentes pensavam de modo diametralmente oposto tanto a gênese, quanto os resultados da criação artística. Para a abstração geométrico-construtiva a forma era regulada por princípios prévios tais como o respeito pela condição plana do quadro (fim da perspectiva e da profundidade), o uso da cor pura (primárias e complementares), chapada e atonal, e a sugestão de movimento dada pelo ritmo das formas.

Já o Informalismo não regulava a criação e a invenção plásticas, por princípios pré-estabelecidos uma vez que para eles a experiência artística plena, só se consumava na liberdade de expressão de cada artista (subjetivação).

Logo após a 2ª Grande Guerra formaram-se no Rio de Janeiro e em São Paulo os primeiros grupos de artistas abstrato-concretos do Brasil. Pela primeira vez e tardiamente a arte brasileira pôde, enfim, produzir suas primeiras vanguardas, desde logo envolvidas, por divergências teóricas e práticas, em uma intensa polêmica, que se estendeu durante os anos 50 e teve por pólos principais os grupos concretistas de São Paulo (Grupo Ruptura,1952) e do Rio de Janeiro (Grupo Frente,1953, que deu origem, em 1959, ao Neoconcretismo) e, secundariamente, o Informalismo que, ao privilegiar a expressão individual, não chegou a constituir grupos em torno de questões ou princípios comuns.

Aspectos da Coleção 1960-1970

Arte contemporânea: os primeiros anos

Os primeiros anos da Arte Contemporânea serão representados, entre outros, pelos artistas Anna Bella Geiger, Anna Maria Maiolino, Antonio Dias, Antonio Manuel, Arlindo Daibert, Artur Barrio, Ascânio MMM, Carlos Vergara, Carlos Zílio, Cildo Meireles, Ivens Machado, José de Paiva Brasil, José Resende, Manfredo Souzanetto, Maria do Carmo Secco, Nelson Félix, Nelson Lerner, Osmar Dillon, Paulo Roberto Leal, Ruben Ludolf, Rubens Gerchman, Sérgio Romagnolo, Tunga, Victor Arruda, Waltércio Caldas, Wanda Pimentel e Wilson Piran.

Aspectos da Coleção

Arte Contemporânea: os primeiros anos.

Texto de Fernando Cocchiarale

A passagem dos anos 50 para os 60 marcou, tanto no Brasil quanto no exterior, o declínio das poéticas do abstracionismo (forma) e o nascimento da Arte Contemporânea. Marcada por um renovado interesse pelo ícone (imagem) a contemporaneidade propôs a reaproximação da arte com a vida, separadas desde o Iluminismo (séc. XVIII) pelo triunfo da autonomia da arte. Essencialmente diversa da tradição pré-moderna (arte clássica e pré-clássica), a nova imagem, inventada pela fotografia e o cinema, foi testada algumas vezes ao longo do século enquanto alternativa estética para a hegemonia da forma no campo da arte, no Modernismo.

Entretanto, foi somente a partir da Pop Art americana e da proliferação internacional de poéticas voltadas para a "figuração" (Noveau-réalisme, a Nova Figuração brasileira, a Otra Figuración argentina, etc.) que o interesse pela imagem, que se manifestara pontualmente no Dadá e no Surrealismo, ocupou um território considerável do mundo da bela forma modernista, chegando a substituí-la em seu papel hegemônico. No Brasil a nova imagem terá um caráter inequívocamente político, já que seu surgimento coincide com o da ditadura militar de 64, característica que permanecerá em pauta na década seguinte.Mas os anos 70 consagrarão também, inclusive no país, o uso de suportes não convencionais como os espaços naturais e urbanos, o conceito e o próprio corpo. A exaustão das pesquisas fundadas na autonomia formal modernista, levou os artistas contemporâneos a transbordarem o campo estético em direção à ética, à política, ao afeto e à sexualidade.

Cinco Décadas da Coleção Gilberto Chateaubriand

Além das exposições que ocupam todo o espaço do museu, o foyer do MAM abrigará a mostra de cartazes, fotografias, publicações, documentos originais e vídeos (depoimentos de arquivo e exibição dos trechos do filme Arte para Todos, de Zelito Viana) sobre a coleção Gilberto Chateaubriand com curadoria de Rosana de Freitas.

A mostra apresenta através de amplo material documental um breve percurso da presença pública da Coleção Gilberto Chateaubriand, desde suas primeiras exposições, até a última, em cartaz nos andares superiores do MAM na mesma ocasião. Por ser a mais completa coleção de arte brasileira se considerarmos o período que vai do modernismo (1917) à mais recente produção contemporânea, não há como realizar uma exposição sobre esse arco de tempo sem a ela recorrer.

Pioneiro do colecionismo moderno no país, Gilberto Chateaubriand iniciou sua vasta coleção em 1953, com a tela Paisagem de Itapoã, de Pancetti. Por traçar um panorama abrangente da arte brasileira e pela inegável qualidade das obras que a compõe, foi capaz de sustentar inúmeras propostas curatoriais desde então. Muitos de nossos críticos e curadores - Wilson Coutinho, Reynaldo Roels, Fernando Cocchiarale - organizaram, ao longo dessas cinco décadas, sem recorrer a outros acervos, importantes mostras de arte brasileira a partir da Coleção Gilberto Chateaubriand. Mesmo exposições de caráter retrospectivo de um único artista, foram geradas exclusivamente a partir de sua coleção, registra a curadora.


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