Anderson Eleotério - Projeto Luz e Treva
O sedutor encantador das sombras

©Alexandros Papadopoulos Evremidis

Eleotério, na língua dos helenos, significa libertador, libertário (e fosse eu místico acreditaria não ser por acaso). O fenótipo e o approach dele já são obras de arte contemporânea e conceitual em si e per se. Ele é uma linha delgada e longilínea só, mas com que expressiva e sensível geometria ele se requebra e movimenta no possível espaço e dele toma posse e o ocupa - por enfiteuse e usucapião! Um bailarino com um pé no dia e outro na noite do tempo - o oposto complementar do real e do seu ídolo especular.

Um fio de vida maleável, mas sem risco de partição. Sem defesas, mas não indefeso, fortalecido que é pela enxurrada poética dos quatro rios que percorrem o Hades. Um ser desarmado, todo doação e todo entrega, um Orfeu tangendo as cordas e tingindo os reinos do esquecimento, conclamando-os à memória. E ainda todo destemido, rebelde, perturbadoramente transgressor. Um iluminado á beira do nada, encarando as trevas que, ele sabe, ali, a um passo, estão à espreita e à espera.

Quem venham, ele já está esboçando o gesto da ida e do encontro, do amorosamente fatal enlace - nelas mergulhará e para elas um terreno fértil e acolhedor será. Cálido e úmido. Sensual e despudoradamente erótico. Fará a travessia dos infernos, não usará o silêncio como álibi, ouvirá e com elas, as sereias, cantará o canto da perdição e pagará todos os necessários tributos para o resgate da Eleuteria.

Eleutério é uma visão e uma fantasmagoria, mas é também um autêntico libertino que, com todo pathos e todo pothos, faz a reflexão do ser e do nada e com humor fino, irônico, raiando o cáustico, se agiganta e se transfigura em um demolidor deste nosso mundo que chamamos de civilizado, o mundo das aparências, das convenções, das hipocrisias, das falsas promessas e das enganosas esperanças, revelando o que resta debaixo da quimérica existência - o vazio.

Não contente ainda, ele nos inverte e reverte, nos põe nus, rasga e vira nossa carne às avessas e expõe nosso sangue e nossas vísceras, estas plenas de quê? De éscata! E tudo sem sujar as mãos. Com elegância regida por um sintagma de elevada poiesis. Vai dar muito que falar. E não faltará o que fazer. Tem o testemunho e o aval da constelação arquitetada por Rimbaud.

Rio de Janeiro 2004

*Alexandros Papadopoulos Evremidis = editor crítico do RioArteCultura.Com > Email


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