| Analu Prestes |
Dancing in deep dark

©Alexandros Papadopoulos Evremidis*

O título, uma vez mais revestido de transviada poética, ilude para não amedrontar. Não é da vida secreta das cores, mas das dores, que Prestes parece nos querer dizer.

Quimérica, ela foi láaaaaaa longe, nos confins dos antípodas, buscar as solventes inspirações. E de fato, ela crê as ter encontrado, mas só no tangente ao meio e à forma.

A essência, porém, indissolúvel par que com a delimitação do espaço compõe, chegando mesmo a com ela se fundir e daí nos confundir, essa imaterial matéria plasmática, que, amebóide, a toda insone noite nos desconc(s)erta e corrói as certezas, essa ela não precisou se afastar para encontrar, nem mesmo se apartar de si, por um fugaz instante que fosse.

Na verdade, ela estava o tempo todo ali, nas turvas e tumultuadas profundezas de seu ser, amordaçada por uma persona em massacrante divergência com a nascente percepção do significante tempo que algum significado lhe cobrava.

Bastou deixar-se cair (foi por ele empurrada) em seus abismos interiores, para em meio à mais densa escuridão e conseqüente ausência de cor (propriedade da luz), confrontada com a linha decisória do ser e do nada, a meio caminho do aniquilamento e da reintegração aos territórios da agênese, ver e ter a vertigonosa queda refreada e convertida em linhas que ora descontrolada e espasmodicamente e ora melodica e harmoniosamente dançam a amorosa dança da vida.

Salta à mente que, tendo atingido o quântico turning point, o inquietante delírio que a revolvia, resolveu resolver-se em dinâmico e tático movimento - sendo este, por impossível, segundo Parmênides, diante da infinitute do espaço e da eternidade do tempo, o absoluto senhor do cosmo - anima e inanimado.

Instigados e estimulados por Prestes, eventualmente convidados, outra escolha a vida não nos faculta que a pronta e prazerosa aceitação de um insinuante pas-de-deux, na dantesca esfera que for. Fugir para onde se onde não há? Não por acaso os gregos nos falam de "utopia" - palavra mágica e prenhe de sabedoria, que ao mesmo um tempo que pergunta onde? no ato também responde em nenhum lugar! (melhor do que este aqui, que, sendo o possível, é o ideal).

Ou, então, nada terá tido sentido (salvo os que por nossos cinco sentidos terão alcançado a luz que todo retorno, todo caminho de volta traz e a que eu me refiria ao escrever turning point; e é disso também, sinto, que a artista nos quer o tempo todo dizer).

Banzai, samurai!

Rio de Janeiro - 2005

©Alexandros Papadopoulos Evremidis > escritor crítico > E-mail


"Auto-Retrato", de Analu Prestes

©Alexandros Papadopoulos Evremidis*

Os Diários Íntimos de Prestes!

Embora uma "jeune belle femme", Analu Prestes, é na verdade uma menina sem sombras - translúcida quase transparente. E como quase toda menina mantém diário. Diário, não, diários, já que são dezenas deles! Só que ao contrário de outras que escondem os seus a sete chaves, Analu faz questão de mostrá-los a todo mundo.

E o que há nesses diários? "De tudo!", diz Analu marota e seu rosto se ilumina e enrubesce irradiando a singeleza das almas naturalistas. "Dedicatórias, inspirações, suspiros, sussurros, retratos, bilhetinhos de amigos, namorados e amantes, desenhos, segredinhos ... e o que mais você queira imaginar!"

E há mais, sim: polípticos de um Rio de Janeiro despedaçado e recomposto em fina, silenciosa e nostálgica sinfonia; colagens contando os segredos da anatomia do corpo e da alma; painéis, estandartes; um tridimensional coração incrustado de flores; gigantescas rosas brancas, como se de merengue fossem e nos convidassem a comê-los(!) subindo pelas paredes; um vestido confeccionado com duas telas de arame - uma externa, bem vazada, como se de favos, e outra, interna, densa e sutil e inconsútil, delicada como se de seda (ou teia de aranha?!). A dama de ferro vestida de noiva? Não, a "materialização da ausência" - de novo Analu sapeca!

Embora o tema da artista seja recorrente, a cada vez ela surpreende, seduz e cativa e transforma um simples vernissage em acontecimento órfico e ditirâmbico, uma celebração!. Analu é uma artista mulher e uma mulher artista. Inteira num e noutro sentido. Em todos os sentidos sentidos!

Rio de Janeiro 2001

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