| Albuquerque Mendes > Natureza e Crueldade |
A exposição Natureza e Crueldade, no MAC de Niterói, traz obras do importante artista português Albuquerque Mendes. A mostra, que tem curadoria de Paulo Reis, literalmente se apropria do espaço e “instala” a pintura no prédio projetado por Oscar Niemeyer. "Dos artistas portugueses surgidos no inicio dos anos setenta, Albuquerque Mendes tem se revelado sempre surpreendente e interessante em sua radical proposta pela arte como espaço de liberdade criativa. Nesta mostra, o artista destrói mais uma vez o sentido de pintura como algo estanque”, afirma o curador.As linhas curvas do museu foram incorporadas pelo artista, que elaborou uma exposição “sem começo nem fim, onde o visitante pode escolher por onde começar”. Na galeria que circunda o MAC, no segundo andar, estarão expostos cerca de sessenta trabalhos, entre pinturas e objetos. “A exposição é uma grande instalação de pintura”, ressalta Paulo Reis, acrescentando que Natureza e Crueldade foi preparada especialmente para o MAC de Niterói, “e sintetiza todo o pensamento, prática e ação do artista”. Dentre os objetos, estarão dois cubos de madeira, recobertos por papéis de parede, como um vermelho que é um auto-retrato. Sobre estes cubos, estão pinturas de freiras, pin ups, índios, entre outros tipos que interessam ao artista.
As obras escolhidas, pertencentes a instituições públicas e privadas, coleções particulares e ao acervo do próprio artista, trazem todo o universo temático do artista: freiras, padres, palhaços, Cristos, cruzes, Mickeys, Tarzan, prostitutas, garotos de programa e auto-retratos. Uma intensidade dramática, permeando temáticas místicas e simbólicas, profundamente ritualizadas, que lhe mereceram grande reconhecimento, no seio da arte portuguesa.
Para Albuquerque Mendes, a arte, bem como suas exposições, não tem começo nem fim, mas fazem parte de um mesmo princípio ético-estético. É sua forma de estar no mundo.
Ainda quando a arte contemporânea brasileira era pouco conhecida em Portugal, Albuquerque Mendes já era profundo conhecedor e amante do que se produzia aqui. Sua aproximação com o Brasil aumentou em 1996, quando realizou a exposição “Céus”, no Paço Imperial, no Rio de Janeiro. Seguiram-se a ela “No Mesmo Lugar”, no Museu da Inconfidência, em Ouro Preto, em 1997; “Ardor”, no Museu de Arte Moderna de Salvador, em 1998, e “Via Sacra”, no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, no Recife, em 1999. Em todas as montagens está presente a instalação como suporte de seu trabalho, daí que Natureza e Crueldade apresenta-se como um somatório destas mostras.
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©Alexandros Papadopoulos Evremidis = escritor crítico > Email
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