"Cor Quo Vado", de Agnès Winter.
"Quo vadis Domine?"

©Alexandros Papadopoulos Evremidis*

Foi preciso que essa francesa, de cândida timidez, viesse ao Rio para revelar a cidade e seu símbolo maior - Cristo, o Iniciado, - aos cariocas e, mais, aos brasileiros e ao mundo. Não foi mero acaso. Salta aos olhos que a artista tem inquietações profundas com a problemática do mundo em convulsão. As trombetas soam o alarme e anunciam guerras - como essa do caubói do norte contra um país em petição de miséria e também essas outras guerras, locais, que tão bem conhecemos - a dos abandonados e desprotegidos pela sociedade, dos que nada têm, salvo a fome por alimento, saúde e educação; do que lutam em busca de um pedaço de terra, de teto, de oportunidade sob o sol tropical que só a poucos aquece e ilumina. Mãe gentil, dizem e fica o paradoxo: por que age como a mais estereotipada das madrastas?!

"Cor quo vado", para onde vais meu coração, foi assim que Agnès, sintomaticamente, nomeou a sua mostra, o que de imediato nos remete ao filme "Quo vadis Domine?", para onde vais Senhor? Está tudo muito claro: Os criadores dessa figura mítica, sinalizaram muito bem seus objetivos - a derrubada do 'ancien régime', do olho por olho e do sangue por sangue, e a instauração da fraternidade e da paz, da concórdia e do amor universais. Seja aqui, seja no Havaí.

São esses também os valores ecumênicos caros ao coração despedaçado da artista que aqui chegou e, com sua personalidade criativa e multitalentosa, representou seu inspirador, servindo-se dos mais variados meios e formas e o transfigurou em arte. Com trânsito competente e fácil por tendências, escolas e técnicas, ora fotografou-o realisticamente, ora pintou-o em significativa abstração, deixando em seu lugar apenas uma fantasmagórica claridade, ora o configurou apenas com os terríveis cravos que, segundo a lenda, o pregaram à cruz, que também todos nós, de uma forma ou outra, carregamos, e ora o esculpiu em metal e o folheou a ouro. Em plena modernidade, iluminou-lhe ainda os contornos com luz neon, como a indicar os caminhos. Tudo para dizer, a todos, em geral, e aos governantes, em particular: olhem para ele e olhem para o estado do povo. Não foi isso que ele pregou antes de ser pregado! Torcemos para que Agnès não esteja pregando no deserto. Très candid!

Rio de Janeiro 2003.

©Alexandros Papadopoulos Evremidis > escritor crítico > Email


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