Adrián Rosati
Temp/l/o revisitado

©Alexandros Papadopoulos Evremidis

Há alguns anos, associei as criações de Adrián a preciosos resgates resultantes de escavações arqueológicas e dramáticas erupções vulcânicas - a tectônica reconstituição de um tempo que, a um tempo e paradoxalmente (?), é passado e é futuro. Agora, vejo, e é imenso o prazer, que, com refinamento e delicadeza, secundado por intensas pesquisas, ele descolou da terra e decolou em direção ao etéreo.
De fato, olhe para a foto - a obra parece estar povoada por entidades e, por sua vez, povoar o nada; melhor, suspensa no primordial caos, desejoso da ordenação erótica, de onde surge epifanicamente e cuja poeira cósmica, constituída de etéreos cristalinos esporos, imemoriais guardiões da vida, o artista manipula e molda com elegante estética e diáfana configuração, assim corferindo essencial presença a ideais reminiscências de platônicas memórias.


Artista Autoral Resgata o Tempo Antigo

©Alexandros Papadopoulos Evremidis*

Ao estabelecermos o primeiríssimo contato visual com as obras de Adrián Rosati, somos assombrados por uma sensação impactante e sentimo-nos ameaçados em nossas noções teóricas e acadêmicas sobre arte e sua estética. Ato contínuo, uma desconfortável inquietação se instala em nossa mente. Sabemos que estamos diante de algo novo e desconhecido. E como tal deve ser contemplado com reverência e piedade.

E então, como se providos da chave para o mistério, somos possuídos pelo encantamento e, maravilhados, nos dispomos a nos despojar de toda idéia convencional e preconceituosa para avaliar e tirar proveito artístico do que ele nos pode oferecer. E não é pouco! Salta-nos aos olhos, e com toda e gratificante clareza, tratar-se de um trabalho integralmente pessoal, mais, autoral - no sentido específico que lhe queremos aqui atribuir. Como se ele, para ser compulsiva e impulsivamente criativo, se propusesse a olvidar todas as aulas de arte padronizada e higienizada, para não correr o risco de por elas se deixar influenciar e condicionar, contaminar.

Torna-se temerário, e está fora de questão, enquadrar Adrián em escolas e vertentes. Talvez porque seu trabalho nos incute a sensação de atemporalidade, tanto podendo ser arcáico como pós-pós-moderno. Talvez também pelos inusitados materiais de que se serve - pó-de-mármore, argila, serragem, metal, areia, sisal, etc., a par com pigmentos como óleo, acrílico, óxidos, ... Talvez ainda por nos subtrair a clara e prosáica informação sobre a natureza formal de suas criações - são pinturas ou esculturas, altos e/ou baixos relevos? Certamente são isso tudo e mais alguma coisa. Por isso, seria conveniente e apropriado nomeá-los simplesmente de "objetos de arte" em forma de painéis dos mais variados tamanhos e formatos. Processados artistica e artesanalmente.

E onde foi que Adrián Rosati buscou as tais imagens que o impeliram na originalíssima criação das ruínas circulares? Uma vez mais nos restam conjeturas - elaborou-as em seu inconsciente mítico e místico? Recortou-as de sítios arqueológicos da antiguidade? Viu-as espelhadas em descobertas espeleológicas? Nas dramáticas configurações dos crateras vulcânicos. Seja como e de onde for, Adrián cria suas representações com hierática e sacerdotal dedicação, envolvendo e convencendo-nos da sacralidade do homem e do seu histórico, de sua arquitetura aquetípica.

E Adrián faz mais: resgata o tempo perdido esteja ele onde estiver - em Tebas, em Micenas, em Angkor Watt ou em Stonehenge. Ou ainda, e mais provavelmente, nas reminiscências de Teotihuacan e de Machu-Pichu, nas crenças e nas ciências dos aztecas, dos maias e dos incas, ancestrais compulsórios dos habitantes ctônicos. Uma coisa é certa: suas Obras (sic) são testemunhos impregnados de misticismo e religiosidade concernentes aos enigmas humanos e suas civilizações - sejam elas de cunho solar, lunar ou estelar. E mais, circular, como então se concebia o universo, ou espiral e curvo sobre si mesmo como ele entendido hoje.

Rio de Janeiro 2001

©Alexandros Papadopoulos Evremidis > escritor crítico > E-mail


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